Lula deixou o sonho de acabar com a seca no Nordeste virar poeira

  • Por Jovem Pan
  • 28/01/2015 14h23
Racionamento de água em São Paulo, volumes mortos no Rio, torneiras secas em Minas…
Guardadas as devidas proporções, o “Sul Maravilha” vive, agora, drama semelhante à estiagem histórica do Nordeste.
E é exatamente sobre a seca no Nordeste que eu quero falar, pois desde o esvaziamento das torneiras no abastado Sudeste, a mídia esqueceu-se completamente da estiagem perene do outro lado do país.
E falo sobre a seca no Nordeste porque é mais grave, porque é mais antiga, porque é mais injusta, porque é mais negligenciada.
Ao contrário do Sudeste, a falta de chuvas no semi-árido nordestino não é um problema transitório, mas uma catástrofe constante, que castiga, há séculos, o sertanejo, e condena toda uma região ao sofrimento, à humilhação, e ao atraso econômico.
Em 1877, o imperador Dom Pedro II, com a hipocrisia típica dos poderosos, chegou a afirmar que venderia as jóias da Coroa para acabar com o sofrimento dos nordestinos.
Desde a realeza até a República, muitos foram os governantes que se valeram da retórica da seca para manipular os incautos, chegar ou se manter no poder.
Políticos de todos os escalões – de coronéis locais a presidentes da República – fizeram, da seca no Nordeste, uma indústria; dos miseráveis, sua mão de obra, dos analfabetos, famintos e sedentos, seu curral eleitoral.
Para curar o mal da seca, os políticos prometeram todo tipo de remédio: de cacimbas a carros pipas. Todos inócuos.
Até a faraônica transposição do São Francisco a maior promessa de campanha do então candidato Lula ficou pelo caminho, e, há 12 anos, só serve para enriquecer empreiteiras, políticos e burocratas corruptos. Desde que a obra saiu do papel, o orçamento da transposição mais que duplicou. E não há expectativa de conclusão.
Lula foi o terceiro nordestino a ocupar a presidência da República desde a redemocratização. Quando menino, sentiu, na pele, o flagelo da seca. Teve dois mandatos para cumprir a promessa que fez aos conterrâneos que o elegeram: acabar com a seca no Nordeste.
Deixou o sonho virar poeira.
O ex-retirante que virou presidente preferiu o assistencialismo a conta-gotas a levar água para o sertão. 

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