Marina Silva diz que quer governar com apoio de Lula e FHC

  • Por Jovem Pan
  • 25/08/2014 11h39

Reinaldo, quer dizer que Marina Silva agora diz que, se eleita, quer governar com apoio de Lula e FHC?

Pois é, se fosse tão fácil alguém já teria essa ideia antes. Não é mesmo, Reginaldo? Olá, internautas e amigos da Jovem Pan.

Marina Silva não é candidata a presidente da República, mas a papisa de uma seita herética ― e suas heresias são praticadas contra a democracia representativa. Ela não concede entrevistas. Seus cardeais falam por ela. À Folha, quem garantiu a independência do Banco Central foi Maria Alice Setubal.

Na Folha desta segunda, mais um cardeal do “marinismo”, Eduardo Giannetti, fala em nome de Marina. Diz que, se eleita, pretende governar com o apoio de Lula e de FHC. Ninguém lhe perguntou ― e não sei se vão perguntar ― por que não se fez antes se é tão fácil. A rigor, em todos os conflitos do mundo, dos mais amenos aos mais sangrentos, sempre se poderia fazer esta indagação: “Por que não, então, juntar os opostos, juntar os litigantes?”.

Giannetti teve uma ideia que poderia, enfim, ter evitado todas as guerras, até a de Troia, como num poema de Mário Faustino: “Estava lá Aquiles, que abraçava/ Enfim Heitor, secreto personagem/ Do sonho que na tenda o torturava”. No seu mundo, como no do poema, Saul não briga com Davi, os seteiros não matam Sebastião, e o “Deus crucificado” beija uma segunda vez o enforcado. Pode ser literatura. Pode ser religião. Uma coisa é certa: política não é.

Há mais: Giannetti resolveu, em sua entrevista, todas as dificuldades e só ficou com as facilidades. Imaginar que PT e PSDB possam estar juntos num governo implica ignorar, logo de cara, o fato de que esses partidos têm vocações e fundamentos que são inconciliáveis. Então Marina Silva, a Puríssima, não aceita nem mesmo subir no palanque com Geraldo Alckmin ou com Beto Richa ― acordos feitos por Eduardo Campos. Mas Giannet sonha com o governo que teria o apoio de Lula e FHC.

Giannetti é uma pessoa lida, que tem experiência com as palavras. Uma tolice dita por ele parece de qualidade superior à dita por um petista tosco qualquer. Mas é apenas isto: uma tolice dita com charme.

E o homem vai adiante. Ele pega carona na fácil demonização do PMDB. Dá a entender que essa é a força que tem de ficar do outro lado da trincheira. Marina, então, seria eleita pelo PSB, com o apoio de FHC e Lula e outras almas superiores do Congresso, uma conspiração dos éticos se formaria e pronto. Tudo estaria resolvido.

É mesmo? Será que o PMDB, ao longo da história, tem sido só um problema? Então vamos ver. Marina Silva apoia o Decreto 8.243, aquela estupidez dos conselhos populares. No horizonte da turma que defende esse lixo autoritário, está, inclusive, o controle da imprensa, sim, senhores. Marina não vê mal nenhum nisso porque, afinal, já deixou claro, não dá bola para partidos ou para instâncias formais de representação.

O PMDB pode não ser exatamente um convento de freiras dos pés descalços, mas lembro que o partido, em seu congresso, apoiou uma das mais claras e fortes resoluções contra qualquer forma de censura à imprensa. Sugerir que o PMDB atrapalha a democracia ou a torna ingovernável é mais do que um erro; é uma mentira.

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