Ocupação Laerte traz mais de dois mil trabalhos do cartunista no Itaú Cultural

  • Por Jovem Pan
  • 27/09/2014 14h09
André Seiti/Divulgação/Itaú Cultural Laerte Coutinho adotou identidade de gênero feminina

Uma exposição divertida ocupa o Itau Cultural. É a Ocupação Laerte, uma retrospectiva que traz cerca de 2 mil trabalhos de um dos mais importantes nomes dos quadrinhos brasileiros.

Com curadoria do também quadrinista Rafael Coutinho, filho do artista, e cenografia de Fred Teixeira , a mostra traça os percursos afetivo, político e criativo daquele que é reconhecidamente um dos maiores quadrinistas e cartunistas.

Laerte Coutinho que hoje se veste como mulher e quer ser chamada de “a cartunista” é a homenageada do Itaú, com mais de 2000 tiras, desenhos, ilustrações e curtas-metragens.

O Minotauro – o monstro da mitologia grega que guarda um labirinto inescapável – é uma figura recorrente em sua produção, por isso inspira a cenografia.

O visitante percorre o espaço do labririnto onde vários momentos da carreira se interligam: sua participação no movimento sindical e na luta pelas Diretas e pela anistia; a publicação de décadas nos maiores jornais do país; a parceria com Angeli, Glauco e Toninho Mendes na Circo Editorial, fundamental na história da HQ brasileira; a mudança de estilo a partir de 2004 e o ativismo nas questões de gênero.

Laerte adotou identidade de gênero feminina, e passou a militar abertamente pela liberdade de escolha sexual. Certa vez, chegou a comprar briga num restaurante reivindicando poder ter acesso ao banheiro feminino.

Com mais de 40 anos de produção, Laerte é considerado o maior cartunista brasileiro reconhecem seus colegas de desenho, Angeli e André Dahmer.
“Laerte é tão importante quanto Robert Crumb e Millôr Fernandes”.

Na década de 2000, terminado um “ciclo”, como ela conta, abandonou os personagens e passou a explorar outras narrativas: não só o humor, mas também o absurdo, a metalinguagem e a autobiografia, além de outros estilos de traço e materiais pictóricos.

Os personagens – entre eles o Hugo (que se tornou Muriel), os Gatos, o Overman, o Fagundes, o Síndico refletem sua produção criativa, uma visão política humanista e um olhar crítico do cotidiano. Você pode conhecer as tirinhas de personagens e das revistas de banca no site da artista <http://www2.uol.com.br/laerte/> e a “segunda fase” no blog Manual do Minotauro <http://manualdominotauro.blogspot.com.br/>.

Se não puder ir até o Itau Cultural, dá pra entrar no site e ver o trabalho de Laerte e de outros homenageados na parte – Ocupação – onde tem material das mostras anteriores sobre Angeli, Zé Celso, Mário de Andrade, Nelson Rodrigues, Paulo Leminski e outros.

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