Piora geral da economia reforça insatisfação popular

  • Por Denise Campos de Toledo/ Jovem Pan
  • 16/03/2015 16h13
Jovem Pan/Marina Ogawa Confira fotos exclusivas Jovem Pan da manifestação na Av. Paulista

O mercado financeiro não para de piorar as projeções para a economia brasileira. E não se trata de pessimismo, torcida contra, bola de cristal. São fatos. Semana após semana surgem novos dados reforçando a expectativa ruim quando ao andamento da economia neste ano e já contaminando o que se espera para 2016

O relatório Focus desta última segunda feira trouxe a previsão de inflação (IPCA) de 7,93% para este ano; de 5,60% para o ano que vem; com uma retração da economia de 0,78%, agora, e expansão de apenas 1,30% em 2016. A produção industrial deve cair 2,19% este ano, os preços administrados vão subir, na média, 12%. Sendo que o aumento médio da energia deve passar de 60%. Isso mesmo, 60%. E os juros, provavelmente, vão subir mais pra fazer frente à inflação em alta e tentar estabelecer uma trajetória melhor. Na média, se fala na taxa básica em 13%. Mas muita gente já prevê até 14%, principalmente, se o dólar continuar avançando, pressionando mais a inflação.

Esses números ruins são decorrentes, em boa parte, do ajuste fiscal que o governo tenta executar. Ajuste que é importante para colocar as finanças em ordem e mostrar que há uma administração mais responsável da economia. Só que, justamente, pelos efeitos negativos para a economia, algumas das medidas propostas para gerar o saldo positivo das contas já começam a ser questionadas.

A intenção do ministro Levy é positiva, o problema talvez seja a fórmula. Um dos pontos mais questionados é que até agora não se viu um corte maior penalizando o próprio governo. É o excesso de ministérios, o inchaço da máquina pública, os contratos caros demais com fornecedores. Sem esquecer das perdas decorrentes do desvio de verbas e do superfaturamento. As investigações da Petrobrás, os números gigantescos envolvidos nas denúncias de corrupção, só aumentam o mal estar em relação às finanças públicas.

As manifestações e a resistência política que o governo vem enfrentando no Congresso podem levar o governo a uma revisão das medidas. Não dá pra abrir mão do ajuste – isso é mesmo importante para colocar a economia nos trilhos – mas podem surgir alternativas menos penosas para o país. Não se trata apenas de uma resistência política da oposição ou mesmo da base aliada, mas, talvez, de uma boa vontade maior no sentido de evitar um custo tão pesado como o que estamos vendo no horizonte.

E olha que as projeções negativas não são só do mercado. O Banco Central também divulgou o IBC Br, que é uma prévia do PIB, um retrato do que deve estar acontecendo com a economia. E O IBC Br apontou uma retração de 0,11% da atividade econômica em janeiro. Isso após o recuo de 0,57% já apontado em dezembro. Portanto, nas estimativas do Banco Central estamos,de fato, num processo recessivo, que pode se aprofundar em consequência do ajuste que vem sendo proposto pela equipe econômica.

Continuamos atravessando a tempestade perfeita: recessão, com inflação nas alturas, fragildiade política do governo, insatisfação popular; e fatores externos que podem trazer maior pressão para a nossa economia, como a alta do dólar frente às várias moedas. Um movimento global, intensificado no Brasil, pelos problemas locais. Bom para os exportadores, mas, sem dúvida,mais um fator de incerteza em meio à enxurrada de dados ruins da economia e no quadro político.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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