Temer, a não candidatura em 2018 e o risco de estouro do déficit

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 12/08/2016 11h53
EFE Temer informou que não cogita disputar a reeleição em 2018 e só quer que o "Brasil retome a rota do crescimento"

O presidente Michel Temer se encontrou nesta quinta, no Palácio do Planalto, com oito nomões do empresariado brasileiro. Estavam presentes Carlos Alberto Sicupira (Ambev/Inbev), Carlos Jereissati (Grupo Jereissati), Edson de Godoy Bueno (Grupo Amil), Josué Gomes da Silva (Coteminas), Jorge Gerdau Johannpeter (Grupo Gerdau), Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Pedro Moreira Salles (Itaú Unibanco) e Pedro Passos (Natura).

Falou-se, claro!, sobre a conjuntura, as dificuldades que a economia atravessa, o futuro, essas coisas… O lead do bate-papo, no entanto, ficou em outro lugar: Temer assegurou que não será candidato à reeleição em 2018. O próprio presidente tratou do assunto depois, com a imprensa, referindo-se à defesa que Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, fez de seu nome para a próxima disputa: “As declarações do Rodrigo foram dadas com boas intenções, mas eu afirmei aos empresários que elas acabam não ajudando na tarefa de governar porque geram incômodos. Por isto reiterei minha posição de não ser candidato à reeleição”.

E não ajudam mesmo. Aliás, recomendo que Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, também dê um basta convincente a essas especulações. E é fácil saber por quê.

O governo estabeleceu um teto para o déficit de 2016 que já é brutal: R$ 170,5 bilhões. Até agora, em agosto, o rombo já passa de R$ 169 bilhões. Tradicionalmente, gasta-se mais no segundo semestre do que no primeiro. Nessa toada, a chance de se estourar essa meta, já pervertida, é gigantesca.

Sim, é uma herança maldita do PT e de Dilma. Mas cabe a Temer — com a expertise de Meirelles — dar uma resposta. É fato que, até agora, em matéria de corte de gastos, o governo deixa a desejar. Poder ser compreensível em meio às turbulências que se vivem agora, mas será necessário dar uma resposta.

Virada a página do impeachment, é preciso dar início ao ajuste, que terá anos de duração. As medidas podem não ser as mais populares e mais simpáticas. Mas temos uma escolha: ou se fazem os cortes para que o país volte a crescer de forma saudável, ou ficaremos nessa rotina de gastança, inflação alta e juros estratosféricos, conjunto que só contribui para aumentar a pobreza.

Assim, é bom mesmo deixar pra lá essa conversa de candidatura. Vamos ver o que virá, mas, desde já, dá para fazer uma relação lógica: o presidente que fizer o que tem de ser feito não será extremamente popular; se for extremamente popular, então é porque não faz o que tem ser feito.

Quando um país opera em regime de caixa sem fundo e passa a controlar gastos, o que mais aparece são insatisfeitos.

Esse governo não pode ter uma agenda eleitoral ou eleitoreira. Desde já, recomendo: se Meirelles vai mesmo cuidar da sua candidatura, que deixe logo a Fazenda para quem não tem receio de ser mãos de tesoura porque ocupado com o seu futuro político.

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