Vladimir Putin pode se sair vencedor por inépcia de países ocidentais

  • Por Jovem Pan
  • 17/03/2014 10h28

Reinaldo, por que você diz que a inépcia dos países ocidentais pode fazer do perdedor Vladimir Putin um vencedor?

Explico. Apurado 75% dos votos, até esta madrugada, consta que nada menos que 95,7% dos que votaram optaram por anexar a Crimeia à Federação Russa. Assim a república continuaria a ser autônoma, podendo legislar por conta própria sobre muitos assuntos. Como hoje, subordinada à Rússia, não mais à Ucrânia.

Os números são dignos de uma eleição da Coreia do Norte, onde o ditador Kim Jong-Un vence tudo com 100% de adesão. Seriam números verdadeiros? Não há porque duvidar de que a anexação à Rússia conta sim com aprovação da maioria. Afinal a península tem 58% de pessoas de origem russa, cerca de 25 % são ucranianos e estimam-se em 12% tártaros. Os tais 95,7% fazem sentido.

Façamos uma conta elementar. A imprensa russa afirma que 82% das pessoas aptas a votar compareceram. Sendo verdade, 18% não quiseram participar do pleito. É de se supor que sejam pessoas contrárias à anexação. Assim, de cada 100 moradores da Crimeia que poderiam votar, só 82 teriam comparecido. Dada a porcentagem oficial, o que se está a afirmar é que 78,5 de cada grupo de 82 deram o voto pró-Rússia. É evidente que a adesão parece um tanto exagerada, vamos ver, ainda faltam outros 25% dos votos.

Vladimir Putin, presidente da Rússia, preparou o terreno. Tanto o parlamento russo, quanto o parlamento local da Crimeia, aprovaram a anexação, esperando apenas o referendo legitimador. Uma comissão de representantes da República autônoma já se prepara para levar o resultado a Moscou. O presidente russo pode agora, sem disfarce, enviar tropas à Crimeia consolidando então a anexação. Se o fizer, é possível que não encontre resistência.

Estados Unidos e União Europeia dizem não reconhecer a consulta como legal, depois não reconhecem também esse resultado. Prometem severas sanções à Rússia, mas quais? De saída, descartam-se as armas, é improvável que a Crimeia promova um confronto militar de uma lado com a Rússia e do outro as potências ocidentais.

A verdade lastimável em tudo isso é que nem a Europa, nem os Estados Unidos, contavam com a agressividade de Putin nesta questão. Imaginaram que ele protestaria sim mas que na hora “H” não iria às últimas consequências. E ele foi. A Rússia não é o Irã, não se trata de um país que possa ser marginalizado no conceito das nações. Até por que tem lá seu assento no Conselho de Segurança da ONU.

A verdade é que a situação jamais deveria ter chegado a esse ponto. Adianta pouco agora chorar sobre o leite derramado, Victor Ianokovich já era carta fora do baralho quando foi deposto pelo parlamento da Ucrânia. As eleições regulares certamente levariam para o poder um governante pró-ocidente.

 

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