Brasil ocupa 10ª posição entre países latinos em ranking de saneamento básico

Edilson Rodrigues / Agência Senado Lixão da Estrutural, em Brasília

 Metade da população brasileira não tem coleta de esgoto e 50% dos investimentos em saneamento se concentram nas 100 maiores cidades, é o que indica o levantamento do instituto Trata Brasil, divulgado nesta quarta-feira (16/03) com base em dados de 2014 do próprio Governo. Essas informações deixam claro que a universalização do atendimento no país vai extrapolar a previsão do plano nacional de saneamento básico.

No Brasil, apenas 49% da população tem o esgoto coletado em casa. Em 2010, o índice era de 46%, ou seja, avançamos apenas três pontos percentuais ao longo de cinco anos. O prazo, que já era longo, deve aumentar, segundo o presidente do instituto, Edison Carlos: “Pensando em água tratada, coleta e tratamento de esgoto, que é uma estrutura básica essencial a qualquer cidade e que deveria estar pronta há muitos anos, 20 anos é um absurdo. E olhando o avanço dos indicadores não é possível pensar em 20 anos, estamos falando em 40 anos se seguir neste ritmo”.

O presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, Artur Timerman, pondera que países tropicais como o nosso, com uma urbanização sem planejamento, propicia condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti: “Para nós essa urbanização é muito ruim, nós sabemos a nossa qualidade de vida. O mosquito não, o mosquito tem a qualidade de vida que precisa, com água, calor e recantos para se multiplicar. Nós fornecemos isso a rodo para ele. São Paulo é um exemplo disso”.

Para o professore de doenças infecciosas da Unifesp, Dr. Ricardo Diaz, o estudo acende um alerta importante, que pode comprometer a reputação do Brasil no exterior, já combalida pela epidemia de zika: “Ele pode se proliferar em água suja também, então toda vez que você perde controle sobre a sanitização, higiene, é um risco também com o mosquito. Isso é um sinal de falta de desenvolvimento, devia ser uma prioridade grande em qualquer lugar. Quando o governo deixa de se preocupar muito com questões sanitárias isso faz com que nossa situação diante de outros países não seja tão boa, ainda mais agora que estamos em um momento muito delicado por causa dessa epidemia de zika”.

O país ocupa a 10ª posição em um ranking de coleta de esgoto com 17 países da América Latina, atrás da Venezuela, Equador, Peru e Bolívia.

Informações: Carolina Ercolin