Dezenas de policiais militares ligados ao tráfico são presos no Rio de Janeiro

  • Por Jovem Pan com Estadão Conteúdo
  • 29/06/2017 08h30
Daniel Amaral/Futura Press/Folhapress Daniel Amaral/Futura Press/Folhapress Levantamento do Instituto Fogo Cruzado aponta que houveram 106 chacinas somente entre 2020 e 2022

A Polícia Civil do Rio de Janeiro, junto ao Ministério Público do Estado, faz uma megaoperação contra policiais militares (PMs) fluminenses envolvidos com o tráfico.

São alvos de mandados de prisão cerca de 200 pessoas, dentre elas 96 PMs de diversos batalhões. A investigação desmontou um esquema associado de oficiais com a criminalidade que inclui tráfico de drogas, venda de armas e facilitação do crime organizado. Os policiais militares são suspeitos de receber semanadas ou mesadas pelos serviços prestados.

A operação é conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ, pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), pela 72ª Delegacia de Polícia (São Gonçalo) e pela Corregedoria da Polícia Militar

Segundo o Gaeco, ao longo de dois anos, os PMs recebiam dinheiro em troca de não coibir o tráfico de drogas na região. Eles vão responder na Justiça pelos crimes de organização criminosa e corrupção passiva. 

Acusados de pagar propina aos policiais para evitar incursões em favelas, os traficantes foram denunciados por associação para o tráfico e corrupção ativa. Entre os denunciados estão policiais integrantes de equipes de pelo menos sete Grupamentos de Ações Táticas (GATs), do Serviço Reservado (P2) e de Destacamentos de Policiamento Ostensivo (DPOs) de diversas localidades.

A investigação teve início em 2016 após a prisão de um homem flagrado com dinheiro oriundo de favelas controladas pelo tráfico de São Gonçalo. O homem fez um acordo de colaboração premiada, auxiliando nas investigações.

“Cinco civis foram denunciados, acusados de serem os intermediários das propinas. Cabiam a eles fazer os ‘recolhes’ junto aos traficantes”, disse a nota do MP.

Entre os traficantes denunciados está Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, informou o PM-RJ. O traficante foi condenado pela morte, em 2002, do jornalista Tim Lopes, descoberto por traficantes enquanto apurava informações, para reportagem da TV Globo, sobre exploração sexual de crianças e adolescentes.

“Apesar de não ser liderança direta em São Gonçalo, constava como recebedor de recursos do tráfico local”, informou a nota do MPRJ. Também foram denunciados Shumaker Antonácio do Rosário, o Schumaker, e Érico dos Santos Nascimento, o Farme, considerados líderes locais do tráfico.

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