Diretor do Butantã critica atraso em financiamento para vacinas: “lamentável”

  • Por Jovem Pan
  • 23/04/2016 12h53
São Paulo - Vacinação dos profissionais de saúde contra H1N1 no Hospital das Clínicas (Rovena Rosa/Agência Brasil) Rovena Rosa/Agência Brasil Já começou a campanha de vacinação contra a gripe H1N1 em São Paulo com funcionários da Saúde sendo imunizados primeiro

A crise política e institucional no Brasil já afeta o desenvolvimento de pesquisas e pode comprometer o avanço das vacinas contra a dengue e o zika vírus. Em fevereiro, a presidente Dilma veio a São Paulo para anunciar a liberação de R$ 100 milhões para o financiamento da terceira e última fase da vacina contra a dengue. A previsão mais otimista do Instituto Butantã é que a vacina fique pronta para ser aplicada em 2018, mas a previsão mais realista é em 2019.

Em entrevista à repórter Carolina Ercolin, o diretor do Instituto Butantã, Jorge Kalil, lamentou que o repasse dos recursos esteja atrasado. A primeira parcela de R$ 40 milhões, que era para ter sido entregue em meados de março, chegou apenas em abril e, com isso, as outras duas parcelas devem sofrer adiamentos.

“Deve atrasar, mas tenho a esperança que com a pressão do ministro da Saúde e do secretário-executivo isso possa ser feito. Mas vai ser tudo sendo feito como se fosse algo excepcional, e nao é. Nós temos uma urgência. É como uma guerra que estamos fazendo contra a dengue, contra a zika e nós somos lentos e burocráticos. Isso é uma coisa que está inerente ao País”, disse.

Enquanto o Governo segue com atraso no repasse dos recursos, outros países seguem a todo vapor realizando pesquisas e com a possibilidade de obter resultados antes do Brasil. “Isso é lamentável. Vamos terminar comprando a solução no exterior quando podemos ter a solução caseira, eficiente, rápida e suprindo as necessidades nacionais”.

Segundo o diretor do Instituto Butantã, o processo de produção da vacina não atrasou, mas a parte relacionada a pesquisa evolui a passos lentos. “Esse é o custo Brasil, que não é só em dinheiro, mas em atraso e ineficiência. É lamentável porque temos todas as condições de levar esses projetos em velocidade bem maior”, reiterou.

O Instituto Butantã, por enquanto, trabalha com recursos próprios da fundação, “mas que são limitados”, de forma a não atrasar a previsão de que a vacina contra a dengue esteja pronta em 2018. O diretor ponderou, no entanto, que não podem comprometer demais os recursos, “mas algum recurso estamos comprometendo porque o projeto não pode parar”.

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