Editorial: Nem mais o PT chama defesa do impeachment de “golpe”

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 14/07/2015 18h41
Montagem com Folhapress Miguel Rossetto e Cardozo discursam após protestos

Nem mais o PT tem a cara de pau de chamar a defesa do impeachment de “golpe”. O partido pretende reunir nesta terça pelo menos 700 pessoas no campus da Uninove, em São Paulo, no que pretende seja o primeiro de uma série de atos em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff. Ora, defendê-lo no embate com quem? Com o Estado de Direito? Mas vá lá.

Informa a Folha que o partido está recomendando que se evite a palavra “golpe”. Esse alarmismo não seria bom, avaliam os companheiros — no que, obviamente, têm razão.

Ora o PT que combine, então, com Dilma, a presidente da República; com José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, e com Miguel Rossetto, secretário-geral da Presidência. Alarmistas, então, são esses caras. Eles é que saíram anunciando um golpe que não haverá.

É claro que é uma burrice sair anunciando “golpe” por aí. E por várias razões combinadas:

1: empresta uma urgência e uma temperatura ao debate que até agora inexistem;
2: ajuda a divulgar a possibilidade de deposição de Dilma, o que seria do agrado da esmagadora maioria dos brasileiros;
3: chama a oposição para o embate, que será convocada pela própria imprensa a se pronunciar;
4: emite sinal de fraqueza;
5: evidencia que o governo está com medo;
6: trata-se de uma mentira.

Voltemos, então, para a defesa do mandato. Dilma só poderá perdê-lo de acordo com as leis — e leis democraticamente pactuadas. A presidente só abandona o trono por decisão do Judiciário ou do Legislativo. Uma mobilização dessa natureza tem, pois, como alvos esses dois Poderes da República, buscando intimidá-los.

Ainda que não se acuse a existência de um “golpe” — o que é mesmo ridículo –, é claro que se está tentando tornar ilegítimas aquelas duas instâncias. O PT quer organizar um ato de apoio ao governo? Que o faça! Está de acordo com as regras do jogo. Ir à rua “em defesa” do governo faz supor que ele está sendo atacado por forças espúrias.

É claro que se trata de uma mentira. O governo só é alvo hoje de sua própria incompetência e, claro!, de seu passado, que fez este presente melancólico a que assistimos.

Golpista, em suma, é tentar silenciar, no berro, o estado de direito

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