Ex-presidente da Fiesp destina ao governo maior parte da culpa por rendimento da indústria

  • Por Jovem Pan
  • 22/05/2014 19h25

O ex-presidente da Fiesp e membro do conselho da Klabin, Horácio Lafer Piva, afirmou que a culpa do ritmo fraco da indústria, que tem postergado os investimentos diante da queda da atividade e incertezas do ano eleitoral, é, em grande parte, do governo. Apesar disso, para ele, o empresário também tem sua parcela de culpa, já que se acomodou.

“O governo é muito culpado. Não totalmente, porque o empresário brasileiro, de certa forma, também se acostumou muito a um certo conforto. (…) Mas o maior naco disso tudo vem do governo, que vem do governo, que tem distorcido totalmente o seu papel exatamente pela falta de regras claras, de uma estrutura de regulamentação mínima mais eficaz, de uma verocidade da justiça, de um compromisso (…) do legislativo, da hesitação do executivo, que mata o espírito empreendedor quando ele é mais necessário”, disse o empresário.

Segundo Piva, falta um diálogo amplo, envolvendo setor privado, terceiro setor, com os movimentos, a classe média, mas isso não tem acontecido no governo da presidente Dilma Rousseff.

“A agenda da presidência é uma agenda aberta. Quantos encontros tem acontecido? Qual é o grau de interlocução que houve nesses últimos tempos? Com menos diálogo, mais a presidente tem que decidir sozinha, perde a possibilidade de criar um pacto com a sociedade. Eu não duvido das boas intenções da presidente Dilma (…), mas a forma gera um erro de conteúdo. (…) Eu defendo um diálogo com o setor privado, com o terceiro setor, com os movimentos, com a classe médica, com quem quer que seja, além de apenas o seu núcleo duro, eu defendo um diálogo amplo, mais escutando do que falando”, contou.

O ex-presidente da Fiesp disse ainda que o Mercosul tem sido uma espécie de algema para o Brasil, que estamos presos a uma peça engessada e que, talvez, acabar com a união seria uma opção.

“Eu não sei exatamente se deveríamos acabar com o Mercosul, mas se com ele nós não pudermos negociar amplamente, o Brasil, que é quase tudo nesse bloco, devia, sim, aceitar a derrota. Não há problema nenhum em dar um passo pra trás e avançar a frente. Como está, é o pior dos mundos. Do jeito que essa coisa está funcionando, nós não vamos chegar, rigorosamente, a lugar nenhum”, finalizou.

Confira no áudio acima a entrevista completa de Horácio Lafer Piva para o programa “Os Pingos nos Is”.

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