Acordo entre Brasil e Paraguai por uso de Itaipu faz quatro membros do governo paraguaio deixarem cargos

  • Por Jovem Pan
  • 30/07/2019 07h50 - Atualizado em 30/07/2019 09h25
Reprodução/Facebook Ex-embaixador paraguaio no Brasil, Hugo Saguier

Quatro membros do alto escalão do governo paraguaio renunciaram aos cargos, incluindo o embaixador do Paraguai no Brasil, Hugo Saguier, e o ministro de Relações Exteriores, Luis Alberto Castiglioni. Além dos dois representantes, pediram demissão, também, o presidente da Administração Nacional de Eletricidade Alcides Jiménez, que estava há poucos dias no exercício da função, e o diretor-geral da usina hidrelétrica binacional de Itaipu, José Roberto Alderete.

O presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, aceitou as renúncias. O motivo apontado é a assinatura, em maio, de uma ata bilateral sobre as condições de contratação de energia de Itaipu. O texto fixa a compra de energia pelo Brasil até 2022, um ano antes da renegociação do anexo C do tratado da usina.

O documento, assinado sem consulta à opinião pública pelos governos de Brasil e Paraguai, causou grande repercussão no país vizinho, a ponto do agora ex-chanceler, Luis Alberto Castiglioni, anunciar que o Paraguai pedirá ao Brasil para cancelar o termo.

Por causa da assinatura da ata, os quatro funcionários têm sido chamados de entreguistas pela imprensa paraguaia.

O ex-embaixador paraguaio no Brasil, Hugo Saguier, que participou das negociações, afirmou que não houve nenhuma renúncia de soberania do Paraguai em relação ao Brasil. Segundo a imprensa local, ele declarou que irá ao Congresso para explicar o que aconteceu nas tratativas.

Em 2007, o Paraguai conseguiu se beneficiar, com prioridade, do uso de energia adicional em maior quantidade, em troca da instalação de mais duas turbinas binacionais, das quais o Brasil precisava. Pela a ata, o Paraguai renuncia ao benefício da energia adicional e concorda em usar a energia garantida, mais cara, em igual proporção — o que gerará uma diferença de US$ 350 milhões cerca de (R$ 1,3 bilhão).

Uma das principais preocupações da população paraguaia é que se traduza em um aumento do preço da energia. Pelo acordo de Itaipu firmado entre Brasil e Paraguai, a geração da usina é dividida em partes iguais pelos dois países.  Caso uma das nações não utilize sua parte integralmente, poderá vender o excedente ao parceiro.

Oposicionistas fizeram críticas ao presidente Mario Abdo Benítez; e manifestantes saíram às ruas para protestar contra o governo.

*Com informações do repórter Daniel Lian 

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