Angela Merkel anuncia que não buscará novo mandato como chanceler da Alemanha

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 30/10/2018 09h34
EFE/Stephanie Lecocq EFE/Stephanie Lecocq A já lendária chanceler alemã anunciou que está se despedindo do poder e que não irá buscar um novo mandato para governar o seu país

Não foram poucos os comentaristas na Europa que associaram a vitória de Jair Bolsonaro no Brasil à um fenômeno global. Mesmo em países desenvolvidos econômica e intelectualmente, os movimentos de extrema-direita seguem ganhando força.

E pode ser uma enorme coincidência, mas enquanto Bolsonaro entra por uma porta, Angela Merkel, na Alemanha, sai por outra.

A já lendária chanceler alemã anunciou que está se despedindo do poder e que não irá buscar um novo mandato para governar o seu país.

A duração desta despedida ainda é incerta, no entanto. Merkel quer ficar até o fim do atual mandato, em 2021. Mas já anunciou que não irá tentar a reeleição para liderar a União Democrática Cristã. A legenda vota já agora em dezembro.

O anúncio foi feito por ela nesta segunda-feira (29) numa entrevista coletiva depois do duro revés que a CDU sofreu na eleição regional no estado de Hesse, onde fica Frankfurt.

Acontece que se algum dos detratores de Merkel, que atualmente não são poucos dentro da CDU, assumir o posto, a mulher mais poderosa do mundo corre sério risco de ter sua permanência no poder encurtada.

A chanceler da Alemanha é considerada uma política moderada, um ponto de equilíbrio nas águas turbulentas que a União Europeia vem navegando nos últimos anos.

No poder há 13 anos, Merkel manteve a economia de seu país em um ritmo mais que confortável de crescimento sustentável. Considerada a líder de facto da União Europeia, jogou duro contra a extrema-esquerda da Grécia e agora não se esforça nem um pouco para facilitar o Brexit.

Mas, além do desgaste natural de uma líder que exerce seu quarto mandato consecutivo, sua popularidade também foi duramente atacada durante a crise dos refugiados.

A cristã-democrata Merkel, conservadora em diversas questões da sociedade, deixou as portas da Alemanha abertas em 2015 num gesto progressista típico dos europeus. Mas a entrada de mais de um milhão de pessoas no país sufocou os serviços públicos e a reação dos alemães começou a aparecer nas urnas até o fiasco em um pleito regional neste final de semana.

Merkel vai deixar o poder com um grande legado de estabilidade que vem sendo desafiado agora pelo populismo. É a política tradicional sendo questionada ao redor do mundo.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.