Aulas de ensino religioso confessional devem encontrar dificuldades na rede pública

  • Por Jovem Pan
  • 29/09/2017 06h53 - Atualizado em 29/09/2017 10h51
Marcos Santos/USP Imagens Marcos Santos/USP Imagens O problema começa pela contratação dos professores; quem irá ministrar essas aulas?

A aprovação, no Supremo Tribunal Federal, das aulas de Ensino Religioso que podem ser ligadas a uma religião específica, deve ter consequências para a organização pedagógica do currículo.

O problema começa pela contratação dos professores; quem irá ministrar essas aulas?

O coordenador-geral do Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso (Fonaper), Elcio Cecchetti propõe o seguinte exercício: vamos imaginar uma escola pública que opte por dar a seus alunos uma visão plural e trazer professores de diferentes credos para ministrar essas aulas.

“Na aula de ensino religioso um grupo vai com professor católico, outro com evangélico e um que não vai a lugar nenhum. Ou seja, as turmas começam a serem segmentadas e isso requere infraestrutura das escolas”, disse.

Agora, vamos lembrar que a realidade do ensino público no país talvez não permita esta estrutura. O que aconteceria então? “Para aquelas confissões religiosas que têm maior estrutura de formação, ela certamente se organizarão rapidamente para assumir esse espaço. Mas as minoritárias vão praticamente ficar de fora da escola”, explicou o coordenador.

Além de uma desigualdade entre religiões, e um evidente problema de gestão, a medida aprovada no Supremo gera um problema pedagógico, como pontuou o professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Alavarse: “é uma medida perigosa transformar as escolas em espaço das várias denominações custeadas pelo Estado”

Um levantamento feito pelo Ministério da Educação junto a diretores de colégios em 2015 revelou que – embora a disciplina de ensino religioso já fosse facultativa nesta época – em 37% das escolas que tinham a matéria, os alunos eram obrigados a frequentar as aulas.

E, em 55% dos colégios em que ela era de fato como eletiva, os estudantes que não queriam fazer a aula ficavam sem nenhuma atividade durante o período.

*Informações da repórter Helen Braun

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