Com guerra comercial, Trump hipoteca futuro por ganhos no presente, diz economista

  • Por Jovem Pan
  • 07/07/2018 15h39
Agência EFE Na última sexta-feira (6), Washington passou a cobrar tarifa de 25% sobre diversos produtos chineses importados. O total de bens atingidos pela medida deve chegar a US$ 50 bilhões

Começou oficialmente a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Na última sexta-feira (6), Washington passou a cobrar tarifa de 25% sobre diversos produtos chineses importados. O total de bens atingidos pela medida deve chegar a US$ 50 bilhões. Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o economista Claudio Frischtak, diretor da Inter B Consultoria, explicou quais os possíveis impactos deste embate para a economia mundial e, principalmente, o que pode representar para o futuro político de Donald Trump.

“Ele está hipotecando o futuro do país. Mas, como todo populista, ele faz isso para ter ganhos presentes, eleitorais. Nós já vimos isso no Brasil, com o caso do governo Dilma, em que ela hipotecou o nosso futuro em função do curto prazo. A diferença é que, enquanto o Governo Dilma só atingia a nossa economia, o caso de Trump é global. A economia norte-americana é tão grande que tem implicações globais”, ressaltou Frischtak.

“No curto prazo, a economia norte-americana está indo bem. Então, em que sentido ele está hipotecando o futuro? Em primeiro lugar, por uma expansão fiscal sem medida. O efeito disse é um aumento, nos próximos anos, de US$ 1 trilhão na dívida pública americana. Em segundo, as restrições, como a imigração e ao comércio, podem trazer um efeito inflacionário ainda neste ano. Se isso piorar, o Partido Republicano pode sofrer nas eleições”, apontou.

Sobre o possível impacto que a guerra pode ter no Brasil, o economista lembrou que ainda é difícil definir qual será o ponto final deste embate, se ele poderá acarretar em uma “depressão global” na economia, mas que alguns setores podem acabar se beneficiando.

“É um processo terrível, extremamente perigoso e irresponsável. É ruim para os americanos, para a China e, mais importante, para o restante do mundo. No Brasil, corremos o risco desse processo “escalar”, com retóricas da China, e a partir daí, fica impossível dizer até onde vai. Alguns setores podem se beneficiar, ampliando sua participação no mercado chinês. Porém, o custo disso é muito alto. Podemos ter um grande problema nas mãos e temos que torcer para que a pior hipótese não se realize”, concluiu.

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