Decisão da Petrobras contraria política acertada que vinha sendo tomada, diz ex-diretor da ANP

  • Por Jovem Pan
  • 24/05/2018 10h21
Divulgação/Manguinhos Petrobras determina o preço de saída dos combustíveis a partir das refinarias

David Zilberstein, ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, destacou em entrevista à Jovem Pan nesta quinta-feira (24) que a decisão da Petrobras de reduzir em 10% o preço diesel por 15 dias é “paliativa” e “surpreende porque contraria política acertada que vinha sendo tomada” de manter a flutuação dos combustíveis de acordo com o mercado internacional.

“O petróleo é uma commoditie. Vai ser o preço que o mercado vai determinar”, disse Zilberstein.

O que impacta mais no preço, diz Zilberstein, é o preço da refinaria, lembrando que a Petrobras é monopolista e ela é quem define o valor na saída das refinarias. Depois, são incluídos os preços impostos e o preço da revenda.

Temos de ver quantos Estados vão ter interesse e disponibilidade em baixar o ICMS, que também pesa nessa corrente de preços”, ponderou.

O ex-presidente da ANP disse lembrou que “temos problemas mais estruturais” como a falta de opções ao modal de transporte. “Se você retirar o transporte de combustível cru, petróleo e minério, 90% do transporte de cargas é feito por rodovias”, disse, lembrando que esse cenário não será mudado em 15 dias.

O que o governo poderia ter feito?

Zilberstein lembrou que “Estados, Municípios e União têm tido um aumento expressivo de arrecadação por conta das participações governamentais, como os royalties”.

“No mundo inteiro você subsidia o transporte urbano, e é a coisa mais comum, conquanto que seja transparente”, ponderou o ex-diretor da ANP. “Uma parte poderia ser financiada”, sugeriu.

Zilberstein disse que o governo “tem que fazer as contas” e que o cenário “revela a falta de previsibilidade”. Ele ponderou o que considera o maior risco.

“O risco é para que após esses 15 dias muita coisa não tenha sido feita e até que ponto a Petrobras vai conseguir aguentar a pressão voltando ao preço normal”, destacou.

Ouça a entrevista:

 

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