Dividida, imprensa internacional repercute pedido de prisão de Lula

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 06/04/2018 06h40
EFE/Fernando Bizerra Jr. A tônica da cobertura varia conforme a linha ideológica de cada publicação, como é normal na imprensa

Se nem a imprensa brasileira esperava uma decisão tão célere do juiz Sérgio Moro, que dirá as publicações internacionais, não é mesmo? Destaque muito grande nos jornais internacionais desta sexta-feira (06) para a ordem de prisão do ex-presidente Lula.

A tônica da cobertura varia conforme a linha ideológica de cada publicação, como é normal na imprensa.

Pegando dois casos da Inglaterra mesmo: o The Guardian, que é um jornal mais alinhado ao pensamento de esquerda, publica um artigo de análise com o título “Ele foi capaz de estabilizar a economia em tempos de crise”.

O autor gasta mais de 400 palavras elencando as conquistas econômicas e sociais da era Lula sem dedicar uma frase aos dois escândalos de corrupção que marcaram os tempos do PT na presidência, por exemplo.

Já o Financial Times, que é um diário do mercado financeiro, com tendências mais liberais, publicou editorial ontem reconhecendo que Lula tirou milhões de brasileiros da pobreza.

Mas o herói da classe trabalhadora também presidiu o governo mais corrupto da história do Brasil.

Sua prisão marca a triste e vergonhosa queda de um notável político. Mas também mostra que ninguém está acima da lei – um desenvolvimento positivo e até mesmo revolucionário em um país atormentado pelo legalismo extremo, mas também pela grande ilegalidade.

O Le Monde, da França, publicação ideologicamente mais alinhada ao centro, ou talvez a centro-esquerda, dependendo da interpretação, avalia que o Partido dos Trabalhadores brasileiro fica agora órfão de seus heróis.

A prisão de Lula fragiliza uma coalizão de esquerda e que parte do voto de protesto no país pode acabar na extrema-direita nas próximas eleições.

Finalmente na Itália, o Corriere della Sera escreve que os problemas não são apenas do PT no cenário político brasileiro. Três anos de investigações judiciais em 360 graus deixaram marcas em todos os partidos e as próximas eleições serão as mais incertas de todos os tempos.

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