Filho de político cassado pela Ditadura, Doria diz ser ‘inaceitável’ declaração de Bolsonaro

  • Por Jovem Pan
  • 30/07/2019 06h34 - Atualizado em 30/07/2019 09h27
Valter Campanato/Agência Brasil O governador João Doria lembrou que seu pai perdeu "quase tudo" nos 10 anos em exílio contra a Ditadura Militar

O governador do Estado de São Paulo, João Doria, classificou como “inaceitável” a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre o desaparecimento do pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.

Nesta segunda-feira (29), Bolsonaro disse que “um dia” poderia explicar à Santa Cruz como o pai dele desapareceu durante a ditadura militar.

Em um evento no Palácio dos Bandeirantes, João Doria afirmou que não poderia se calar diante da fala do presidente. “Eu sou filho de deputado cassado no Golpe de 1964, eu vivi o exílio com o meu pai. Ele perdeu quase tudo em 10 anos de exílio contra a Ditadura Militar. É inaceitável que o presidente da República se manifeste da forma que se manifestou ao pai do presidente da OAB. Foi uma declaração infeliz do presidente Jair Bolsonaro.”

A declaração do presidente foi dada ao comentar o desfecho judicial que considerou Adélio Bispo como inimputável. Ele foi o autor da facada em Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral em 2018. Por causa da decisão da Justiça, Adélio ficará em um manicômio em vez de um presídio.

Antes, o presidente já havia criticado a atuação da OAB no caso e questionado o motivo da entidade ter impedido a Polícia Federal de ter acesso ao celular do advogado de defesa de Adélio Bispo.

Em nota, o presidente da OAB disse que a declaração de Bolsonaro sobre o pai dele mostrava “crueldade e falta de empatia.”

Felipe Santa Cruz decidiu ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) e pedir para que o presidente da República revele o que sabe sobre a morte de Fernando Santa Cruz.

Ele teria desaparecido, em 1974, após ser preso em Copacabana, no Rio de Janeiro, por agentes do DOI-Codi. Fernando Santa Cruz era militante do grupo de esquerda, Ação Popular.

De acordo com a Comissão Nacional da Verdade, ele foi “preso e morto por agentes do Estado brasileiro.”

*Com informações da repórter Natacha Mazzaro

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.