Em delação, Palocci relata propina em todas as campanhas de Lula e Dilma

  • Por Jovem Pan
  • 15/08/2019 07h28 - Atualizado em 15/08/2019 09h44
EFE/HEDESON SILVA De acordo com Palocci, a maioria das transações teria sido acertada por ele e pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto

O ex-ministro Antonio Palocci citou 12 políticos que teriam recebido, de 16 empresas, mais de R$ 330 milhões em vantagens indevidas. Deste montante, cerca de R$ 270 milhões teriam sido destinados ao Partido dos Trabalhadores entre os anos de 2002 e 2014. As informações constam do acordo de delação premiada que Palocci firmou com a Polícia Federal.

Nesta quarta-feira (14), o site da Revista Veja divulgou o conteúdo de um documento de oito páginas que revela pontos da delação. O material, de abril deste ano, foi assinado pelo responsável pela Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Edson Fachin.

De acordo com Palocci, todas as eleições dos ex-presidentes Lula e Dilma foram financiadas com recursos irregulares de empresas. A maioria das transações teria sido acertada por ele e pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Em troca das propinas, os empresários conseguiam, por exemplo, uma linha de crédito no BNDES e apoio da base governista a medidas que tramitavam no Legislativo.

No documento obtido pela publicação, o ex-ministro petista voltou a falar que, na primeira eleição de Lula, em 2002, ele recebeu US$ 1 milhão do ex-ditador líbio Muamar Kadafi.

Antonio Palocci disse que a empreiteira Camargo Corrêa pagou R$ 50 milhões em vantagens indevidas para pôr fim à Operação Castelo de Areia no Superior Tribunal de Justiça. A Operação, de 2009, investigava suspeitas de irregularidades do grupo em contratos de obras públicas.

Segundo o petista, parte da quantia foi repassada ao PT na forma de doação eleitoral para a campanha de Dilma Rousseff em 2010.

Outros políticos beneficiados

Palocci afirmou que a Camargo Corrêa repassou R$ 1 milhão para a atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann. A deputada ainda teria recebido dinheiro de mais duas empreiteiras para a eleição ao Senado em 2010: R$ 2 milhões, via caixa dois, da Odebrecht e R$ 800 mil da OAS.

No documento obtido pela Veja, Antônio Palocci diz que os ex-governadores petistas Fernando Pimentel e Tião Viana receberam repasses de empreiteiras na eleição de 2010.

Pimentel teria recebido R$ 2 milhões da Camargo Corrêa, e Viana teria levado R$ 2 milhões da Odebrecht, sendo R$ 1,5 milhão através de caixa dois. Palocci diz que a Odebrecht repassou, também em 2010, R$ 3,2 milhões, via caixa dois, ao ex-senador Lindbergh Farias.

Envolvimento da Qualicorp

Outros R$ 50 milhões teriam sido pagos ao Partido dos Trabalhadores, dessa vez pela Odebrecht, em troca de vantagens no Programa de Desenvolvimento de Submarino.

O dinheiro teria financiado parte da campanha para a reeleição de Dilma Rousseff. Esse episódio já havia sido narrado pelo ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, em seu acordo de colaboração. O ex-ministro petista também cita a Qualicorp.

A administradora de planos de saúde teria repassado recursos ao PT, ao Instituto Lula e à empresa de marketing esportivo Touchdown, de Luis Cláudio, filho caçula do ex-presidente. Em troca, o governo teria concedido benefícios à empresa na Agência Nacional de Saúde Suplementar.

No trecho obtido pelo site da revista Veja, não estão especificados os valores que a Qualicorp teria repassado.

Em nota, a administradora afirmou que “nunca pleiteou ou obteve qualquer tipo de benefício público e jamais transgrediu a lei.”

Já o Partido dos Trabalhadores disse que “nada que Antonio Palocci diga sobre o PT e seus dirigentes tem qualquer resquício de credibilidade.” A sigla ainda afirma que “ele negociou com a Polícia Federal, no âmbito da Lava Jato, um pacote de mentiras para escapar da cadeia e usufruir de dezenas de milhões em valores que haviam sido bloqueados.”

*Com informações do repórter Afonso Marangoni

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