Embaixador diz que reconhecimento de Guaidó como presidente da Venezuela é ‘um absurdo’

  • Por Jovem Pan
  • 28/02/2019 08h52
EFE “Goste ou não você tem que lidar com o Governo que detém o poder", disse Ricupero

O oposicionista venezuelano Juan Guaidó chegou a Brasília nesta quinta-feira (28) para conversar com o presidente Jair Bolsonaro sobre a crise no país vizinho. Mesmo reconhecido por dezenas de países como presidente interino, a situação ainda é complicada e até mesmo a entrada de ajuda humanitária é dificultada.

Entretanto, em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, embaixador Rubens Ricupero destacou que o reconhecimento de Guaidó na interinidade da presidência venezuelana é “um absurdo”. “Goste ou não você tem que lidar com o Governo que detém o poder (…) Esse tipo de medida que os Estados Unidos adotaram e o Brasil seguiu você só usa como preliminar de guerra. Mas essa é a solução mais perigosa. Se houvesse guerra, Nicolás Maduro não resistiria, mas seria um banho de sangue”, disse.

Rubens Ricupero acrescentou ainda que desde o início foi crítico no reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino: “reconhecimento pressupõe controle efetivo do território. O uso do poder, capacidade de prender e mandar prender. Que presidente é esse que não pode nem voltar ao seu país? Ele não tem condições de governar”.

Intervenção

Apesar de a intervenção na Venezuela ser um processo, visto de fora, aparentemente sedutor, “é o de maior risco”. O problema no país vizinho, segundo Ricupero, será solucionado com paciência, pressão e uma mediação junto a Nicolás Maduro.

Ricupero reconheceu a atitude dos militares brasileiros de não organizarem uma intervenção na Venezuela: “dão mostra de bom senso ao dizer que essa é uma linha que o Brasil não quer ultrapassar”. No entanto, ele lamentou o engajamento excessivo do Brasil na linha de hostilização a Maduro.

Para o embaixador, agora é o momento de o Brasil “adotar uma atitude mais autônoma”.

“No início, não acho que tenhamos tido uma política muito inteligente de entrarmos como caudatários em um movimento liderado pelo governo Trump”, esclareceu. “Primeiro que reconhecimento de Guaidó ia provocar caída de Maduro e um mês depois a da entrega da ajuda humanitária achando que isso ia provocar espécie de sequência de ações que levariam militares a abandonar Maduro. Nenhuma das duas funcionou. Isso torna situação cada vez mais perigosa”, completou.

Confira a entrevista completa com o embaixador Rubens Ricupero:

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