Especialista diz que situação do Rio Paraopeba pode piorar e critica investimento tardio da Vale

  • Por Jovem Pan
  • 06/02/2019 09h36
Edmar Barros/Estadão Conteúdo Malu Ribeiro afirmou ainda que o investimento da Vale em tecnologia a seco não é um alento pois vem de forma a remediar a situação

O avanço da lama da Vale pelo Rio Paraopeba fez acidade de Pará de Minas decretar situação de emergência nesta terça-feira (05). Principal fonte de captação de água da cidade, o rio foi atingido por rejeitos de minério após o rompimento da barragem em Brumadinho, no último dia 25.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, a especialista em Água da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, afirmou que “infelizmente a situação pode piorar” por conta das chuvas que farão com que “rejeitos finos” cheguem mais rápido a pontos afastados de Brumadinho, além dos demais poluentes que o rio já recebia.

“É difícil dizer qual será a capacidade de regeneração da bacia do Paraopeba e em que proporções chegará ao Rio São Francisco”, destacou. A chegada dos rejeitos dependerá, portanto, das chuvas, que podem levar de forma célere os rejeitos ao São Francisco. “O grosso foi parando em barramentos, termoelétrica acima de onde estamos [Médio Paraopeba],mas não vai ficar contido por muito tempo. Cada vez que chover esses rejeitos vão descer”, alertou.

Quanto aos ribeirinhos, Malu Ribeiro ressaltou que a situação é de alerta. “Essa comunidade deve ficar assim principalmente em relação ao efeito dominó de dano ambiental como esse”, disse. Entretanto, segundo a especialista, diversos municípios possuem outros mananciais para suprir o déficit do Paraopeba.

“O mais emergente agora é dizer para as pessoas tomarem cuidado com esses vetores, porque agente perde peixes, anfíbios, mata e isso cria proliferação de mosquitos que transmitem doenças como dengue, zika, chikungunya e cria proliferação de bactérias”, alertou.

Malu Ribeiro afirmou ainda que o investimento da Vale em tecnologia a seco não é um alento pois vem de forma a remediar a situação. “É mais triste. Recebo notícia com mais indignação por ver que isso já poderia ser feito. Ela foi estatal, teve parte privada, e isso já deveria ter sido feito há anos. Tudo que fizerem agora é remediação, mas precisa fazer”.

“Além de mudar o sistema é fazer preciso fazer mapeamento real, com transparência, acatar o que técnicos vinham apontando há muito tempo e o Governo fortalecer órgãos ambientais e não flexibilizar abonando multas feitas pelo Ibama ou desmontando o sistema de meio ambiente. Do contrário, teremos novas tragédias anunciadas e impunidade”, finalizou.

Confira a entrevista completa com a especialista em Água da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro:

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