Ex-diretor da Vale nega responsabilidade em tragédia durante depoimento à CPI de Brumadinho

Geraldo Magela/Agência Senado Gerd Poppinga argumentou que a responsabilidade de apontar eventuais problemas nas barragens é da área operacional de cada lugar e que ele não pode ser onipresente

O ex-diretor executivo de Ferrosos da Vale, Gerd Poppinga, se defendeu em depoimento à CPI de Brumadinho no Senado. A comissão investiga o rompimento da barragem do Córrego do Feijão buscando apontar responsáveis pela tragédia.

Gerd Poppinga era diretamente ligado à presidência da mineradora e foi afastado da direção pelo Ministério Público Federal logo após a tragédia. Ele alegou que nunca chegou a ir à barragem do Feijão e nunca foi informado, por exemplo, da localização do refeitório da empresa em frente à barragem. Segundo o ex-dirigente, os laudos da época também não apontavam problemas.

Poppinga também é apontado pelo Ministério Público como um dos responsáveis pelo desastre de Mariana, em 2015. Na época, ele fazia parte do conselho da Samarco que tomava decisões a respeito da barragem que se rompeu.

O ex-diretor de Ferrosos é réu acusado de homicídio pelas 19 mortes, além de inundação, desmoronamento, lesões corporais e crimes ambientais. Segundo eles, os problemas com a barragem também não chegaram ao seu conhecimento.

Ao longo da audiência, o executivo foi bastante criticado pelos senadores. Segundo Otto Alencar (PSD), Poppinga não respondeu objetivamente às perguntas. Para ele, não adianta os responsáveis lamentarem o que aconteceu, pois é um problema reincidente. O relator da CPI, senador Carlos Viana (PSD) foi outro a criticar as declarações do ex-diretor.

Gerd Poppinga argumentou que a responsabilidade de apontar eventuais problemas nas barragens é da área operacional de cada lugar e que ele não pode ser onipresente. Ele comparou a situação à de um piloto de avião, que não pode ligar para o presidente da empresa em situações de emergência.

*Informações do repórter Levy Guimarães