França propõe “alistamento civil” de jovens contra violência em SP

  • Por Jovem Pan
  • 17/07/2018 10h35 - Atualizado em 17/07/2018 10h54
Johnny Drum/Jovem Pan Governador de São Paulo e pré-candido do PSB, Márcio França concede entrevista ao Jornal da Manhã nesta terça (17)

Com a violência despontando como um dos grandes temas das eleições presidencial e estadual, o pré-candidato à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes, governador Márcio França (PSB), propõe levar ao Estado de São Paulo um projeto implementado por ele quando foi prefeito de São Vicente (1997 a 2004), no litoral paulista: o “alistamento civil” de jovens de 18 anos.

França espera treinar 80 mil jovens nessa faixa etária que fariam patrulhas pelas ruas paulistas com radiocomunicadores ligados à polícia. O contingente é o mesmo de policiais militares na ativa atualmente, segundo o governador. Os recrutados receberiam uma pequena remuneração, além de serem obrigados a fazer um curso técnico em paralelo.

O objetivo da proposta seria “estancar” a “mão de obra” do Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção criminosa do País, que, segundo França, cooptaria os adolescentes dessa faixa etária na periferia.

O atual governador quer implantar o programa já neste ano como um “teste” de sua proposta eleitoral. “Estamos fazendo nas 16 cidades mais violentas do Estado de São Paulo”, disse França em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã da Jovem Pan nesta terça-feira (17). “Vamos testar em seis meses, vamos ver o que vai acontecer em seis meses”, afirmou. O programa deve começar já em agosto, antecipou.

“Dando oportunidades, você muda a vida do rapaz”, discursou França. O objetivo do governador é arregimentar “todos os jovens vulneráveis de 18 anos”.

“Não adianta mais presídio”

Destoando do discurso do pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas de intenção de votos em São Paulo e tem um discurso de recrudescimento da força policial contra a violência, o pré-candidato do PSB afirma que “não adianta ficar colocando mais polícia, mais polícia, mais presídio, mais presídio”. França destacou que São Paulo já tem a “maior população carcerária do mundo”.

“Não parece mais óbvio que a gente pudesse evitar que o gelo se forme em vez de enxugá-lo?”, questionou França, antes de descrever o programa de alistamento civil realizado em São Vicente. Na época, o peessebista pagava “meio salário mínimo” aos jovens que monitoravam as ruas com uniforme e rádio. O governador classificou o projeto como um “grande sucesso” e disse que ele conseguiu estancar a morte de rapazes na cidade litorânea.

França também criticou a proposta de Bolsonaro de estimular o armamento da população civil. “Isso não é do perfil do brasileiro. Conseguimos chegar a 500 anos praticamente sem guerras civil”, disse.

O pré-candidato em São Paulo classifica o presidenciável, no entanto, como “autêntico” e “sincero”. “Os políticos de maneira geral falam uma linguagem mais homogênea, pasteurizada. Quando vem uma pessoa que é mais autêntica, mais sincera, acaba se destacando”, elogiou.

Polícia Civil fora da SSP

O governador paulista e pré-candidato manteve sua defesa da proposta, já enviada à Assembleia Legislativa, de retirar a Polícia Civil da coordenação da Secretaria de Segurança Pública, que comanda também a Polícia Militar. A Civil seria, então, da alçada da Secretaria da Justiça.

França disse que 80% dos policiais civis são favoráveis à medida, mas negou que ela tenha caráter corporativo ou sindical. Ele argumenta que “em São Paulo, a Polícia Militar não tem a vocação da polícia judiciária, polícia de investigação”. E questiona: “por que tem que ser junto? Eu não acho que tem que ser junto”.

Educação

Outro projeto que o governador destaca para os jovens da periferia é o da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), instituição pública que usa aulas gravadas de professores da USP, Unesp e Unicamp para formar adolescentes sem condições financeiras para cursar uma faculdade.

França destacou que seu governo, ao lado do ex-governador Geraldo Alckmin, elevou para 330 os polos universitários da Univesp no Estado, aumentando de 3 mil para 55 mil alunos matriculados. A universidade oferece os cursos de engenharia, gestão pública, matemática, química, física, biologia e pedagogia.

O governador que, “se tudo ocorrer bem”, ter 100% dos alunos que saem do ensino médio matriculados no ensino superior público.

“Se o rapaz vai fazer um curso de ensino médio e já sabe que vai ter direito a uma faculdade, muda a cabeça dele”, disse.

Confira a sabatina completa de Márcio França no Jornal da Manhã:

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