Maggi: Após má postura sobre Amazônia, governo terá que recuperar imagem do Brasil no exterior

  • Por Jovem Pan
  • 23/08/2019 10h25 - Atualizado em 23/08/2019 10h26
Agência Brasil Ex-ministro disse que acordos e exportações estão em xeque

O ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi, lamentou, nesta sexta-feira (23), a postura do atual governo brasileiro sobre o desmatamento e as queimadas na Amazônia. Em entrevista ao Jornal da Manhã, ele explicou que a retórica inflamada tanto do presidente Jair Bolsonaro (PSL) como de seus aliados prejudica a imagem do país no exterior, algo que tinha sido trabalhado durante anos.

“Desde que eu me conheço por gente, a gente trabalha, no mercado internacional, a questão da Amazônia e do desmatamento. Ela sempre foi colada como uma prioridade para que o Brasil e o governo brasileiro fizessem negócios fora. Com todo esse movimento, isso retrocedeu. Essa garantia que dávamos a governantes e a empresários, através do nosso controle, está muito em evidência agora. Então, as ameaças contra o Brasil são reais”, explicou.

Maggi explica que a principal preocupação vem das exportações. “O Brasil depende muito das exportações agrícolas e pecuárias e, agora que a questão [da Amazônia] pesou, a tendência é que a relação entre os países fique cada vez pior.”

De acordo com ele, o discurso do governo federal acabou criando uma imagem de “instabilidade e liberalização”, ou seja, transmite a ideia de que as atividades ilegais, como o desmatamento, agora estão permitidas. “A gente sabe que não é isso, que não mudou a legislação, mas, com esse discurso, talvez os menos avisados achem que agora podem fazer”, ressaltou.

Para o secretário, o jeito de reverter a situação é retomando um trabalho que já havia sido feito anteriormente. “Tínhamos avançado bastante. os próprios mercados e ONGs [Organizações Não Governamentais] tinham entendido que o Brasil fez um esforço para separar o agronegócio, que é uma produção sustentável, do que é grilagem, do que é ilegal. Agora, as empresas e o governo vão ter que sair de novo mundo afora tentando demonstrar e provar que tudo o que está acontecendo é ilegal e será combatido”, afirmou.

Mercosul-UE

Sobre o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, Maggi é pessimista. Para ele, é “evidente” que países mais resistentes ao acordo, como a França e a Islândia, que temem a concorrência de suas agriculturas com a brasileira, vão usar a polêmica em torno das queimadas e do desmatamento como “força contrária” para desistência.

“Quem é contrário ao acordo vai usar esses argumentos para afastas esse acordo, o que é lamentável, porque foram 20 anos de trabalho, vários governos se passaram fazendo negociações… Perdem esse esforço, agora, significa retroceder muitos anos nas negociações”, lamentou.

 

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