Mesmo vetada, ideia de “censurar” conteúdo na internet abre precedente para debates

  • Por Jovem Pan
  • 09/10/2017 08h15
USP Imagens USP Imagens Bem na hora que o choque das ideias entre os dois lados ideológicos anda tão quente, tentar interromper os diálogos não ia acrescentar em nada ao debate

O quanto você usa a internet? Meia hora por dia? Uma hora? O dia inteiro? Para se distrair ou pra se posicionar sobre as coisas?

No mundo onde cada vez está mais difícil encontrar um espaço a internet democratiza tudo isso. E se da noite para o dia, assim na velocidade de um clique mudassem todas as regras e a internet passasse a ser controlada, e o que é pior: Sem que as regras sejam claras?

Na calada da noite, na quinta-feira passada (05), a Câmara deu um jeito de colocar no meio do texto da reforma política uma censura para tudo e para todos na internet.

E a emenda já tinha sido votada e aprovada.

A ideia era obrigar os sites, como o Facebook e o Twitter, a retirar em até 24h todo conteúdo que fosse denunciado como “discurso de ódio, disseminação de informações falsas, ofensa em desfavor de partido ou candidato político”.

Assim, rápido, sem mesmo passar antes por um juiz ou por ninguém. Denunciou, tirou.

O dono da ideia era o deputado Áureo, do Solidariedade do Rio de Janeiro, que sugeriu, mas voltou atrás na sexta-feira (06).

O deputado queria impedir que perfis falsos disseminassem qualquer notícia sem que ninguém fosse punido.

Mas acabou confundindo fake news com perfil fake. Quando percebeu o erro, jogou para a população dizendo que as pessoas não souberam interpretar o que ele quis dizer.

A proposta foi vetada pelo presidente, mas abriu precedente para discussão agora. O coordenar de Tecnologia e Sociedade da FGV do Rio, Pablo Cerdeira sabe bem disso.

Bem na hora que o choque das ideias entre os dois lados ideológicos anda tão quente, tentar interromper os diálogos não ia acrescentar em nada ao debate. Pelo contrário, só empobreceria a discussão.

Pelo menos é o que pensam muitos sociólogos e filósofos, como Luiz Felipe Pondé. Colocar freio no que se diz na internet é uma discussão que não é de hoje. Mas não é tão fácil quanto parece.

Censurar qualquer opinião sobre política que possa ser ofensiva a um candidato na internet é praticamente censurar o conteúdo todo. Seria o fim dos posts, o fim dos vídeos, o fim dos memes.

Mas em meio a essa discussão uma pergunta acabou ficando sem resposta: e quem censura tudo aquilo que constrange o eleitor?

Confira a reportagem completa de Caio Rocha:

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