Mulheres acusam médium João de Deus de abuso sexual

  • Por Jovem Pan
  • 10/12/2018 07h46 - Atualizado em 10/12/2018 08h35
Cesar Itiberê/Fotos Públicas A maioria das vítimas percebeu o abuso muito tempo depois e teve medo de denunciar

Diversas mulheres afirmam que foram abusadas pelo médium brasileiro João Teixeira de Faria, conhecido mundialmente como “João de Deus”. Os casos começaram a surgir após reportagens exclusivas do programa “Conversa com Bial”, da TV Globo, e do jornal O Globo.

A holandesa Zahira Lienike Mous fez um relato em maio, no Facebook, contando o abuso que sofreu na Casa Dom Inácio de Loyola, que fica em Abadiânia, no interior de Goiás. Na reportagem de Pedro Bial, a coreógrafa narrou as agressões sexuais.

Ela disse que após ser atendida pela entidade na Casa, foi orientada a ter uma consulta particular no escritório de João. Zahira conta que, no primeiro abuso, foi levada para um enorme banheiro e ficou sem reação quando João de Deus a colocou de joelhos de frente para ele.

De acordo com ela, ele abriu a calça e colocou a mão dela no pênis dele. Os abusos continuaram por meses. Zahira conta que em outra ocasião foi violentada sexualmente quando ele a penetrou por trás.

O padrão é praticamente o mesmo nas centenas de relatos que dominaram o fim de semana. Mulheres que buscavam tratamento espiritual, mas se sentiram abusadas pelo médium, revelaram suas histórias.

Uma delas, que não quis se identificar, conversou com a reportagem da Jovem Pan. Ela conta que trabalhou na Casa como guia espiritual entre 2016 e 2017, e também foi abusada por João de Deus.

A maioria das vítimas percebeu o abuso muito tempo depois e teve medo de denunciar. Esta conta que depois de sair da sala de João de Deus, chorou muito, mas resolveu não contar para ninguém.

Há mais de 40 anos, João de Deus faz atendimentos espirituais em Abadiânia. Mensalmente, mais de dez mil pessoas passam pela Casa Dom Inácio de Loyola, apelidada apenas de “Casa”.

Celebridades, políticos, ministros e autoridades mundiais já foram atendidos pelo médium.

Apesar de ter sido vítima de abusos, a holandesa Zahira afirmou ter presenciado curas no local, onde foi treinada por João de Deus para ser assistente em cirurgias espirituais.

A vítima brasileira também presenciou milagres e manifestações espirituais, mas conta que tem dúvidas quanto o trabalho do médium.

As vítimas narraram que João usava o pretexto de “realinhar energias” ou fazer “limpezas espirituais” para ficar a sós com as mulheres. Ele, inclusive, pedia sigilo sobre as práticas e eventualmente elas ganhavam presentes como livros ou pedras preciosas.

Algumas acreditam que funcionários da Casa sabem dos abusos, mas preferem se omitir. Em nota, a Federação Espírita Brasileira informou que serviços espirituais não devem acontecer isoladamente, com a presença somente do médium e da pessoa assistida.

Nas redes sociais, a holandesa Zahira agradeceu as mensagens de apoio e afirmou que continuará levando luz à escuridão.

A Jovem Pan procurou o advogado de João Teixeira de Faria, mas ele não retornou o contato até o fechamento desta reportagem. Em nota, a Casa Dom Inácio de Loyola afirma que João de Deus nega as acusações e rechaça qualquer prática imprópria nos atendimentos.

*Informações da repórter Marcella Lourenzetto

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