Ordem de Bolsonaro para ‘rememorar’ 1964 causa polêmica no Congresso

  • Por Jovem Pan
  • 30/03/2019 10h52
Marcos Corrêa/PR O presidente Jair Bolsonaro disse que orientou as Forças Armadas a 'rememorarem' o golpe militar de 1964

A orientação do presidente Jair Bolsonaro para as Forças Armadas “rememorarem” o 31 de março de 1964 provocou debates polêmicos ao longo dessa semana no Congresso Nacional. A decisão foi bem recebida por partidários de Bolsonaro, mas muito criticada por parlamentares de centro e da esquerda.

No Senado, o líder do governo Major Olímpio (PSL-SP), contestou a visão de que teria havido um golpe de estado na ocasião. “O que se denomina por alguns de golpe militar, a sociedade, na sua esmagadora maioria, tem o entedimento de que foi uma contra revolução”, disse ele.

Na visão do senador José Serra (PSDB-SP), a esquerda que estava no poder antes da intervenção militar não tinha como meta instaurar um regime socialista no país. O tucano também lembrou de quando foi preso pelo regime. “Fui perseguido, [sofri] exílio de 14 anos, fui inclusive condenado, de maneira arbitrária, sem processo legal, à prisão, por discursos que tinha feito em 1963, antes do golpe”, lembrou.

Já na Câmara, os debates foram mais acalorados. Para o deputado Coronel Chrisóstomo (PSL-RO), não houve ditadura no Brasil durante o período. Ele acredita que a chegada dos militares ao poder evitou o que teria sido um regime autoritário de esquerda. “O que queriam naquele peródo até 1964 era transformar este país num paredão, mandando matar. Vamos ter que disponibilizar aqui livros que definem o que é comunismo, o que é democracia e o que é ditadura”.

O líder da oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), relembrou um discurso de Ulysses Guimarães após a promulgação da Constituição de 1988, no qual se referiu ao governo militar. “Conhecemos o caminho maldito. Rasgaram a Constituição, transcaram as portas do Parlamento, garrotearam a liberdade. Mandaram os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério. Temos ódio da ditadura. Ódio e nojo”, afirmou o deputado.

Nesta sexta, o comandante do Exército Edson Leal Pujol participou de uma solenidade no Comando Militar do Planalto, onde foi lida a Ordem do Dia em referência ao 31 de março. Um trecho do documento cita, abre aspas: “As Forças Armadas participam da história da nossa gente, sempre alinhadas com as suas legítimas aspirações. O 31 de março de 1964 foi um episódio simbólico dessa identificação”.

*Com informações do repórter Levy Guimarães

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