Polícia diz que explosivos foram detonados antes de barragem se romper em Brumadinho; Vale nega

  • Por Jovem Pan
  • 26/06/2019 06h24 - Atualizado em 26/06/2019 10h00
Edmar Barros/Estadão Conteúdo Passados cinco meses do rompimento, 24 pessoas ainda estão desaparecidas

A Delegacia de Meio Ambiente de Minas Gerais afirmou, nesta terça-feira (25), que houve detonação de explosivos dentro da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, pouco tempo antes do rompimento da barragem. Mesmo com a informação, divulgada no mesmo dia que a tragédia completa cinco meses, ainda não se sabe se a detonação teve influência no desabamento.

De acordo com a conclusão da polícia, a explosão foi dentro da cava, a 1,5 km de distância da barragem. As investigações, no entanto, apontam divergências de horários do momento da detonação.

Dois funcionários ouvidos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais deram versões que colocam a explosão com uma hora de diferença. O mecânico Eiichi Pampulini, por exemplo, explicou aos parlamentares que foi chamado ao local para remover um trator e depois assistiu a explosão. “Eu vi a detonação e, assim que eu desci, a barragem estava no chão”, relembra.

Já o aplicador de explosivos Edmar de Resende relatou que a operação foi coordenada por ele, já que os superiores diretos estavam na área atingida pela lama. “Eu ia realizar a detonação final, porém foi quando houve o sinal de alerta pelo rádio. Eu estava lá, eu era o responsável, eu iniciei o desmonte remoto às 13h33.” Ele reconheceu que mais de uma detonação de explosivos por dia pode ocorrer.

A mineradora Vale, responsável pela barragem, nega que houve detonação nas minas. Um laudo de estabilidade emitido pela TUV SUD – a empresa que fazia a auditoria do loal – recomendava que não houvesse nenhum tipo de explosão por perto.

Já está com a polícia o relatório que mostra o uso de explosivos no complexo do Córrego do Feijão, o que pode ajudar a determinar se isso contribuiu ou não para o rompimento.

Cinco meses depois da tragédia, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais já confirmou 246 óbitos e afirma que 24 continuam desaparecidos.

*Com informações da repórter Nanny Cox 

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