Projetos do governo são peças de ficção, diz Jair Bolsonaro

  • Por Jovem Pan
  • 22/05/2018 11h49 - Atualizado em 22/05/2018 12h59
João Henrique Moreira/Jovem Pan Pré-candidato à presidência, Jair Bolsonaro (PSL), afirma que o policial tem mais medo do "'capa preta' do que de bandido"

Em entrevista ao Jornal do Manhã, o pré-candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) apresentou suas propostas ao Planalto. Os pontos mais debatidos foram economia, segurança pública, reformas e a relação com o Parlamento.

Logo no início da entrevista, Bolsonaro rebateu uma declaração de Ciro Gomes (PDT), que teria afirmado que ele tem “soluções toscas”. “Se ele não fala meu nome, ninguém sabe que ele participou daquele evento. Ele continua nas suas teses tentando defender um indulto para o Lula. Não podemos ter um retrocesso na Lava Jato”, afirmou o pré-candidato do PSL.

Famoso por não ser profundo conhecedor de economia, Jair Bolsonaro reafirmou que tem se consultado com o economista Paulo Guedes, e, inclusive, aceita alguns ideais de desburocratização. O pré-candidato também salientou que os programas de governo, como regra, são “peças de ficção”.

“Paga-se milhões por esse planos e tenho falado que o meu será o pior deles. Não por ser o pior, mas por ser realista. Quando falamos em reforma trabalhista ou CLT, pode ser o melhor do mundo, mas tem que ter um olhar para o parlamento”, declarou.

“Partidos não servem para nada. Se não mudar a forma de se fazer política vai continuar a ineficiência do estado”, completou.

Intervenção
Um dos pontos abordados foi a Intervenção Federal no Rio de Janeiro. Bolsonaro, que é ex-capitão do Exército, criticou a forma como o “plano” foi conduzido pelo governo Federal. “O Comandante Militar do Leste (general Braga Netto), ficou sabendo do caso na quinta-feira de carnaval. Temer e Jungmann não foram pular carnaval e decidiram jogar para a plateia. Sou contra a intervenção feita sem planejamento”, criticou o pré-candidato.

Segundo ele, um jovem de 20 anos, que está servindo o Exército não tem preparo algum para estar nas ruas e pode ser alvejado durante um confronto. Além disso, um policial não pode responder no Tribunal após uma operação. “O policial tem muito mais medo do ‘capa preta’ do que do bandido”, disse.

Disputa sem Alckmin
Com 16% das intenções de voto e 50% de rejeição, o deputado federal reafirma que estará no segundo turno e não escolhe adversários políticos. Apesar de não acreditar em pesquisas, o candidato excluiu o tucano Geraldo Alckmin de um eventual segundo turno. Bolsonaro coloca Ciro Gomes e Marina Silva (Rede) como eventuais adversários. “Hoje, seria eu e vai depender de quem o PT escolher. Entre eu e mais um, já está decidido. É Marina ou Ciro”, declarou.

Previdência diferente
Jair Bolsonaro foi um dos votos contrários à reforma da Previdência. Segundo o pré-candidato do PSL, a expectativa de vida dos policiais militares no Rio de Janeiro é de 56 anos, enquanto a reforma propunha a aposentadoria para 65 anos. “Fuzil tem que ser uma arma e não uma bengala”, disparou.

Já sobre o pagamento de pensões às filhas de militares, o ex-capitão do Exército disse ser contra, mas não há como mudar a atual legislação. “O que está feito não tem como desfazer. É uma distorção”, declarou Jair Bolsonaro, que defende mudanças iniciais na reforma da previdência pública: “Temos que acabar com a Fábrica de Marajás”, pontuou.

Já sobre o salário-mínimo ele afirmou que é “pouco para quem recebe e muito para quem paga (…) Tem que aumentar o salário-mínimo de acordo com a inflação, mas não se pode deixar o aposentado para trás ”, argumentou.

Defesa e politica externa

A questão da defesa das fronteiras também foi levantada durante a discussão. De acordo com o pré-candidato, é preciso identificar de onde vem o problema. “O Brasil possui 17 mil km de fronteira seca. O México com os Estados Unidos tem em torno de 3.500 km, mesmo assim com toda tecnologia não consegue fechar a fronteira. A questão não é fechar a fronteira porque continuaria entrando armas e drogas”, disse Bolsonaro, que ainda criticou uma medida assinada pela ex-presidente Dilma Rousseff.

Segundo ele, uma das medidas junto a Unasul (União das Nações Sul-Americanas), em 2014,  foi simplesmente permitir o livre tráfego aéreo da região. Além disso, outra portaria de 2010 do Ministério da Justiça proíbe tiros de advertência caso alguém fure uma barreira. “O policial fica cada vez mais inibido para atuar, mas um sistema informatizado vai diminuir a entrada de ilícitos”, declarou.

Sobre a política externa, o  pré-candidato ressaltou ser favorável ao bilateralismo e cita como exemplo o crescimento do vizinho Paraguai. “Vejo com bons olhos o bilateralismo. O atual presidente do Paraguai quer se aproximar de nós. O PIB deles é pequeno, mas estão crescendo 7%”, afirmou.

Lança-chamas

Em palestra em São Paulo, o parlamentar chegou a afirmar que utilizaria “lança-chamas” para combater as invasões do MST e do MTST. “Foi uma força de expressão (…) Não há diferença entre invadir uma fazenda e um apartamento. A propriedade privada é sagrada. O PT ficou 13 anos no governo e a qualidade da educação caiu. Eles dobraram recursos e, basicamente, a filosofia que impera é a do Paulo Freire. Temos que tirar essa influência do Paulo Freire da educação. Qual o problema usar o lança-chamas?”, indagou o candidato.

Faltas e doações de campanha

O parlamentar, que está em pré-campanha presidencial, também aproveitou para rebater a acusação de que tem recebido salário regularmente, mesmo sem comparecer à Câmara dos Deputados. “Não estou recebendo sem trabalhar. Todos meus contracheques são descontados religiosamente. Inclusive, antes da pré-campanha, eu não justificava as faltas porque não tenho cara de pau para justificar falta para receber salário”, defendeu.

Jair Bolsonaro disse ainda que recebeu uma quantia da JBS, porém repassou o dinheiro ao partido, na época o PP. “Em 2014, a legislação mudou no tocante das doações. O empresário tinha que doar ao partido, enquanto o partido repassava ao candidato (…) Quando chegou na minha conta, vi que o destinatário era a JBS, simplesmente fiz um cheque nominal e devolvi o dinheiro para a origem, que era o partido”, argumentou.

Confira a entrevista completa:

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