Salles atribui queimadas na Amazônia à região Norte: ‘População tem hábito de por fogo nas coisas’

  • Por Jovem Pan
  • 22/08/2019 09h31 - Atualizado em 22/08/2019 10h20
Marcelo Camargo/Agência Brasil Ministro não comentou acusação de Bolsonaro sobre supostos incêndios criminosos praticados por ONGs

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou, nesta quinta-feira (22), que algumas das queimadas acontecendo atualmente na Amazônia são causadas pelos moradores da região. Em entrevista ao Jornal da Manhã, ele disse que, na região Norte, por exemplo, a população tem o hábito de atear fogo em lixos e objetos que desejam se livrar, o que causa incêndios inesperados.

“Ontem eu estive na Amazônia. Sobrevoamos a Chapada dos Guimarães, por exemplo, onde uma queimada de 3 mil hectares foi iniciada por um senhor que colocou fogo em folhas, em um lixo no fundo do seu terreno. As pessoas do Norte tem o hábito de por fogo nas coisas, atear lixo, queimar coisas. É uma cultura que vem de muito tempo e precisa ser combatida”, declarou.

Em seguida, Salles deu outro exemplo, desta vez em Cuiabá. “Em Cuiabá vimos um terreno baldio com bastante lixo acumulado. Estava pegando fogo. A mesma coisa: pessoas juntaram e colocaram fogo”, afirma, acrescentando que os ventos e o clima seco ajudam na propagação desses incêndios.

Na quarta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) acusou as Organizações Não Governamentais (ONGs) e alguns governos do Estado de serem os causadores das queimadas na Amazônia. Hoje, ele reafirmou sua opinião.

“A Amazônia é maior do que a Europa, como vai combater um incêndio criminoso nessa área? É criminoso. Justifique o que você está falando? Como? Só pegando o clara em flagrante, aí você vai ver quem está tocando fogo. As ONGs perderam o dinheiro, perderam repasses [do Fundo Amazônia], estão desempregados. Vão fazer o que? Vão tentar me derrubar”, declarou o presidente.

Questionado sobre as acusações à ONGs, Salles não quis se pronunciar, dizendo apenas que a floresta é, realmente, “muito grande, o equivalente a 48 países europeus. Uma área muito grande e, nesse período seco, mais propenso à queimadas.”

Fundo Amazônia

Salles disse que sabe que há um “aumento de pressão” em relação às questões ambientais brasileiras. Em meios às últimas declarações e polêmicas de Bolsonaro sobre o assunto, o Brasil perdeu os repasses da Noruega e da Alemanha para o Fundo Amazônia e corre risco de sofrer sanções na Europa, além de também colocar à prova o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE).

“De fato, há um aumento da pressão em razão do tema de meio ambiente, que sempre foi um instrumento de pressão, na verdade, contra o Brasil e o Agronegócio brasileiro. É uma narrativa antiga que vem se agravando desde 2012, quando o desmatamento começou a subir, ficou mais intensa em 2015 e continua neste ano”, disse.

Ele afirmou que, para driblar esses problemas, o país tem tentando mostrar o que tem de positivo e melhorar a fiscalização com a contratação de um novo sistema de monitoramento de imagens aliado aos já existentes. O ministro ressalta, no entanto, a dificuldade financeira do governo federal e dos estados.

Questionado sobre o motivo de terem deixado os repasses do Fundo Amazônia acabarem, já que o país está em situação financeira grave, Salles disse que dinheiro nunca foi doado.

“Não jogamos pela janela. Se fosse doação, poderíamos usar o dinheiro da forma que mais convém para o governo em alinhamento com os estados. O rótulo é de doação, mas quando tentamos fazer uma reorientação para a melhor gestão desses recursos, nós não conseguimos. Nós não jogamos para janela e nem os negamos, eles estão suspenso porque a regra do Fundo Amazônia está em discussão para permitir que a gente tenha uma melhor gestão desses recursos”. finalizou.

 

 

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