Skaf “usa” Fiesp e lança pré-candidatura ao governo de SP

  • Por Jovem Pan
  • 07/05/2018 08h31 - Atualizado em 07/05/2018 08h35
Erasmo Salomão Fotos Públicas Pré-candidato ao governo de São Paulo, Paulo Skaf comanda a Fiesp há 14 anos e pode permanecer por mais três ao mudar o estatuto

Dono da Fiesp há 14 anos, Paulo Skaf vai se aproveitar da máquina empresarial pela terceira vez na disputa ao governo de São Paulo. O presidente da federação das indústrias paulistas lançou a pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes pelo MDB neste final de semana, em Jaguariúna.

Skaf controla a entidade patronal desde 2004 e poderá ficar 17 anos no comando após ser reeleito pela quarta vez em agosto passado. Tamanha permanência no poder é inédita na instituição e só foi possível graças a pelo menos duas mudanças das regras internas.

Desde que assumiu a presidência, Paulo Skaf personifica as ações da Fiesp em São Paulo, com destaque para a construção e reforma de escolas no interior.

O economista Roberto Giannetti da Fonseca atuou ao lado de Skaf na diretoria da federação e condena o uso político da entidade. “Isso é um péssimo exemplo para a sociedade brasileira e para a sociedade civil. É algo absolutamente condenável e deve merecer a nossa rejeição”, disse.

Roberto Giannetti da Fonseca foi diretor de relações internacionais e comércio exterior da Federação das Indústrias de São Paulo por dez anos. “Ele repete agora mesmo, o mesmo mau exemplo estendo seu mandato e não mais fazendo eleição. O que é de novo reprovável. Imagina se um presidente da República ao invés de convocar eleições…Vamos supor que o Temer diz ‘não, vou estender o mandato’? Haveria uma revolta popular”, explicou o ex-diretor da Fiesp.

Giannetti renunciou ao cargo na Fiesp em 2014 por não concordar com as pretensões eleitorais de Paulo Skaf à frente da entidade. Além das críticas de ex-aliados, Paulo Skaf também está na mira dos investigadores da operação Lava Jato.

Em delação premiada, o empresário Marcelo Odebrecht relatou pedido de Skaf por R$ 6 milhões para a campanha ao governo paulista, em 2014. “A relação com o Paulo era pessoal minha. Eu falei ‘Paulo não dá para passar para você. O Temer está pedindo R$ 10 milhões para o grupo dele e uma das candidaturas que ele está apoiando é a sua. Então, você procura o Temer e desses R$ 10 milhões faz ele tirar R$ 6 milhões para você’”, declarou o empreiteiro.

O montante sairia de um repasse maior ao MDB, de 10 milhões, acertado em jantar com o então vice-presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu.

Em depoimento aos procuradores da Lava Jato, Marcelo Odebrecht deixou claro que Paulo Skaf sabia da origem dos recursos. Em março deste ano, Paulo Skaf admitiu à PF o pedido a Marcelo Odebrecht, mas negou ter falado em valores.

Em outra frente, a Justiça Eleitoral de São Paulo investiga se houve pagamento de R$ 2,5 milhões por Odebrecht a Skaf, em 2014. O repasse teria ocorrido a pedido do empresário Benjamin Steinbruch e alimentaria a campanha do emedebista ao governo paulista naquele ano.

Steinbruch é o atual primeiro vice-presidente da Fiesp, e tanto ele quanto Paulo Skaf negam as acusações.

*Com informações do repórter Marcelo Mattos

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