Toffoli: ‘Liberdade de expressão não pode servir à alimentação do ódio’

A declaração foi dada em discurso na Congregação Israelita Paulista

  • Por Jovem Pan
  • 18/04/2019 06h49 - Atualizado em 18/04/2019 11h32
Marcelo Chello/Estadão Conteúdo No discurso desta quarta-feira, Toffoli citou um trecho da obra da filósofa Hannah Arendt, dizendo que “o poder que não é plural é violência”

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, disse nesta terça-feira que a “liberdade de expressão não pode servir à alimentação do ódio”. Esta foi a primeira manifestação pública do magistrado depois que ele estendeu por 90 dias o inquérito que apura supostas ofensas à Corte.

Sem falar especificamente sobre a censura ao site O Antagonista e à revista Crusoé, Toffoli afirmou que a liberdade de expressão “não é absoluta”: “a liberdade de expressão não pode servir à alimentação do ódio, da intolerância, da desinformação. Estas situações representam a utilização abusiva desse direito. Se permitirmos que isso aconteça estaremos colocando em risco as próprias conquistas obtidas em 1988”.

O presidente do Supremo teve compromissos em São Paulo nesta quarta-feira (17), mas não falou com a imprensa. A declaração foi dada em discurso na Congregação Israelita Paulista, onde Toffoli disse que “incompreensões existem”, mas as ações têm que ocorrer dentro dos parâmetros da Constituição.

No discurso desta quarta-feira, Toffoli citou um trecho da obra da filósofa Hannah Arendt, dizendo que “o poder que não é plural é violência”. Ele continuou dizendo que “as soluções totalitárias podem muito bem sobreviver à queda dos regimes totalitários”.

Enquanto Dias Toffoli falava, manifestantes protestavam em frente ao local. Parte deles carregava bandeiras do Brasil, e gritava palavras de ordem como “STF vergonha nacional” e “Fora Toffoli”.

Ricardo Roque, de um grupo que costuma se manifestar jogando tomates em autoridades, disse que as ações da última semana escancaram “uma ditadura do Supremo”.

Na última segunda-feira, o ministro Alexandre de Moraes censurou reportagens da revista Crusoé e do site O Antagonista, após pedido de Dias Toffoli.

O presidente da Corte questionou as publicações que revelaram um documento em que o empreiteiro e delator Marcelo Odebrecht esclareceu que o codinome “amigo do amigo do meu pai” se referia a Toffoli.

O advogado do O Antagonista, André Marsiglia Santos, disse esperar que o Supremo reverta a decisão de Alexandre de Moraes.

Nesta quarta-feira, o ministro Luis Edson Fachin, do STF, voltou a pedir informações ao colega Alexandre de Moraes sobre o inquérito que apura possíveis ameaças aos magistrados da Corte. Ao todo, são sete ações no STF contra a decisão que censurou O Antagonista e a Crusoé.

*Informações do repórter Afonso Marangoni

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