Transferências de presos do PCC não pode ser apenas medida pirotécnica do governo, diz especialista

  • Por Jovem Pan
  • 16/02/2019 10h37
EFE/Antonio Lacerda Presidio “Não existe facção criminosa sem a anuência e corrupção de forças do Estado. É um sistema complexo”, disse o especialista

Na última semana, 22 presos do PCC foram transferidos do presídio estadual de Presidente Venceslau, no interior paulista, para presídios federais, incluindo o líder da facção, Marcola. Além disso, neste sábado (16), o presidente Jair Bolsonaro confirmou que será enviado, na terça-feira (19), ao Congresso o projeto de lei anticrime apresentado pelo ministro Sergio Moro.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o professor da FGV e especialista em segurança pública, Rafael Alcadipani, comentou ambos os casos.

Sobre a transferência de integrantes de facções criminosas para presídios federais, ele destacou que é uma questão simbólica de “demonstração de força do Estado de São Paulo”, mas também mexe com o comando da facção. “Eles estavam acostumados a dar ordens, interagir, e na hora que o Estado os retira, você deixa a facção por algum tempo acéfala”, disse.

Entretanto, Alcadipani esclareceu que são necessárias ações de médio e longo prazo para que a transferência de criminosos “não seja apenas medida pirotécnica do governo”.

Sobre mais medidas que podem ser tomadas de modo a tirar a força das organizações criminosas estão a disputa dos jovens que são levados ao mudo do crie, o sufocamento financeiro das facções e ter forças no Estado capazes de lidar com elas.

A respeito do projeto de lei apresentado por Moro e que irá ao Congresso na próxima semana, Alcadipani ressaltou que o isolamento de líderes de facções criminosas com visitas ainda mais restritas é uma boa medida.

“É importantíssimo isolar. O líder não pode se comunicar com a sua base. Mas a facção não está apenas na periferia, está nas elites, nos poderes instituídos. Tem que enfrentar em todas as dimensões. Sinto falta de investigação mais profunda dos tentáculos das facções com elites, com alguns parlamentares, alguns vereadores. Se o Brasil não agir de forma efetiva com relação às facções, a gente vira um México e uma Colômbia do passado”, alertou.

Segundo Alcadipani, é preciso ir até o fim na investigação de organizações criminosas: “não existe facção criminosa sem a anuência e corrupção de forças do Estado. É um sistema complexo”.

Confira a entrevista completa com o professor da FGV e especialista em segurança pública, Rafael Alcadipani:

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