Extradição de Battisti é negociada desde que Temer assumiu, diz deputada brasileira na Itália

  • Por Jovem Pan
  • 12/10/2017 15h12 - Atualizado em 12/10/2017 15h18
Valter Campanato/Agência Brasi O presidente interino, Michel Temer recebeu a deputada do Parlamento italiano, Renata Bueno (de amarelo) e a delegação italiana que a acompanha em julho do ano passado

A deputada ítalo-brasileira Renata Bueno, que atua no parlamento italiano, disse nesta quinta-feira (12) que conversa com Michel Temer desde que ele assumiu a presidência do Brasil, em maio do ano passado, sobre a extradição de Cesare Battisti, que Renata espera acontecer “nos próximos dias”.

“Quando o presidente Temer assumiu, passou a era do grupo político (de) Lula, e aí tivemos a chance de retomar a conversa, retomada desde o início do mandato do presidente Temer”, afirmou Renata Bueno em entrevista exclusiva à Jovem Pan. “Eu mesma já conversei com ele lá no começo, dois anos atrás. Estamos tratando disso há bastante tempo”.

A deputada diz que Temer ligou para conversar com ela nos últimos dias “por outros motivos”, mas ela aproveitou, perguntou sobre Battisti e tentou “sensibilizá-lo”.

Relação com Pizzolato

Bueno afirmou também que se comprometeu com autoridades italianas a tentar levar Battisti de volta à Itália enquanto negociava a extradição de Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, que foi condenado no escândalo do mensalão e fugiu para o país europeu, onde tinha nacionalidade.

“Nos dois anos em que batalhamos a extradição de Pizzolato, foi sempre colocado em jogo o tema Cesare Battisti também”, revelou, explicando que “no ponto de vista prático não existe a troca efetiva”.

“Naquele momento (da negociação sobre Pizzolato) me comprometi com o ministro da justiça da época e o primeiro-ministro Matteo Renzi em me esforçar politicamente nessa reativação do caso Cesare Battisti. E foi o que foi feito”, disse, lembrando a retomada das conversas com Temer.

Extraditado, Pizzolato chegou ao Brasil e foi preso em outubro de 2015.

Renata Bueno espera também que a extradição esperada de Battisti “vai restabelecer o bom relacionamento que sempre existiu entre Brasil e Itália”.

Risco de morte?

A deputada Renata Bueno também refutou entrevista dada por Cesare Battisti ao jornal O Estado de São Paulo nesta quinta (12). “Vão me entregar à morte”, disse o italiano de 62 anos, condenado à prisão perpétua na Itália pelo assassinato de quatro pessoas – que ele nega.

A brasileira radicada na Itália diz que Battisti não corre risco “nenhum” de morte nas detenções italianas. “Até mesmo porque aqui as prisões têm uma certa qualidade de vida e supervisão da União Europeia no que diz respeito ao tratamento de presos”, destacou.

“(Battisti) foi assassino de quatro pessoas, então ele não tem legitimidade nenhuma para dizer isso”, afirmou Renata Bueno. “Que cumpra a sua pena”.

Ouça a entrevista completa:

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