Art Popular volta às origens em novo CD e promete musical sobre história do samba para 2019

  • Por Jovem Pan
  • 21/11/2018 12h07 - Atualizado em 21/11/2018 13h31
Johnny Drum - Jovem Pan Grupo lança novo álbum 'Breakdown Partido Alto' no retorno do grupo com vocalista da formação original

Quem nasceu antes da virada do século deve lembrar de pelo menos um pagode ou samba dos que fizeram sucesso nas rádios e programas de televisão brasileiros. Entre tantos grupos, o Art Popular surgiu, fez sucesso e agora volta às origens com disco novo e incentivo a musicalidade na juventude. A nova formação do grupo que nasceu nos anos 1980 conta com cinco integrantes:  Leandro Lehart, Pimpolho, Tcharlinho, Malli e Ricardinho.

O grupo lançou grandes sucessos, como “Temporal”, “Eternamente Feliz”, “Utopia” e “Pimpolho”. Agora está de volta com um novo álbum e DVD, “Breakdown Partido Alto”, que conta com participações especiais do Instituto GPA de Osasco e da Associação de Músicos de Itaquera. “A música carece de conservatório, de aulas nas escolas. Eu sinto muita falta de educação musical nas escolas públicas, principalmente. Trouxemos esses grupos [GPA de Osasco e a Associação Itaquera] que estão na batalha, vivendo de doações, querendo ensinar música para a molecada”, disse o vocalista Leandro Lehart em entrevista ao Morning Show.

No Art Popular é consenso que o samba brasileiro é bom e pode muito mais. Para os cinco, mesmo com o gênero distante dos holofotes e das televisões, ele continua a tocar nas festas e nos bares e baladas das cidades do país. Para Lehart, o samba se associa ao blues estadunidense, pois “não tem artistas datados. Nós, por exemplo, temos Jorge Aragão. Não precisamos de fisionomia pop para prevalecer no mercado”, explica.

O lançamento de “Breakdown Partido Alto” é o preâmbulo do retorno do grupo às raízes após um hiato em que o vocalista deixou o grupo e passou um período produzindo outras bandas. Além do lançamento e da agenda de shows, que conta com dois já nos próximos dias (veja no fim da matéria), o grupo também está se dedicando a um musical sobre a história do samba e pagode contadas a partir dos anos 1980 até a contemporaneidade.

E por falar na pré-virada do século, o percussionista Marcelo Malli, quando perguntado sobre os boatos de rivalidade entre os grupos de sucesso dos anos 1990, disse que havia o que chamou de “rivalidade sadia”. Para ele e os colegas, a disputa entre os grupos se detinha a “fazer músicas boas”. Lehart conta ainda que muitos grupos quase não tinham tempo nas agendas para se reunirem e criarem juntos um movimento mais consciente de si. “Não tínhamos noção do que estava acontecendo. Saímos de uma gravadora independente, a cascata, e aí as gravadoras começaram a chamar a gente. Não tinha tempo de parar, conversar, ter uma longevidade artística maior”.

Para quem pensa que samba e pagode só falam de amor e dor de cotovelo, o líder do grupo explica: “O samba foi o nosso primeiro hip hop né? A gente tem músicas que falam de coisas importantes, de reflexão, coisas simples, mas acessíveis tanto para as classes mais abastadas quanto para mais populares”. E nessa toada, Lehart disse não acreditar que um dos grandes sucessos do grupo, “Pimpolho” sofreria algum tipo de censura politicamente correta.

O Art Popular não podia deixar de matar a curiosidade dos amantes do gênero sobre o famoso “lelele lalaia” tão recorrente nas composições de dezenas de grupos. “O “lelele lalaia” vinha no final da música para democratizar. A música brasileira tem essa coisa da sonoridade aberta que combina com as vogais e o ritmo do samba tem muito disso”, concluiu.

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