‘Fica claro que eles tinham vidas com pouca presença humana’, afirma psicólogo sobre atiradores de Suzano

  • Por Jovem Pan
  • 14/03/2019 12h30 - Atualizado em 14/03/2019 12h34
EFE Dr. Jacob Goldberg esteve no Morning Show para falar sobre perfil dos atiradores de Suzano

Jacob Goldberg, doutor em psicologia, esteve no Morning Show desta quinta (14) para comentar sobre o massacre em Suzano, que deixou oito mortos e 11 feridos após dois jovens atirarem contra funcionários e estudantes de uma escola estadual na quarta-feira (13).

Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, 25, suicidaram-se após o ataque. Para Goldberg, as atitudes de ambos, até chegar o momento de matar outras pessoas, refletiam solidão extrema.

“A avó de um deles morreu faz três meses, a mãe do outro disse que eles pouco conversavam. Fica claro que eles tinham vidas com pouca presença humana. Imaginem a solidão de cada um deles para procurar em jogos virtuais companhia, interação e, principalmente, excitação”, disse o doutor, comentando sobre o fato de os dois jovens frequentarem lan houses para jogar online.

Entretanto, o psicólogo não credita nos games a responsabilidade dos crimes, tampouco em bullying sofrido por eles.

“Eu não acho que exista relação simples entre problemas sociais e ocorrência de crimes, isso é simplificar muito. (…) Toda relação social é um jogo, nós neste estúdio estamos num jogo, o ouvinte também, pois estabelecemos algumas regras de relacionamento. O que acontece nos games é que frequentemente eles são estabelecidos em um código de antiética, o herói é o bandido”, explicou.

“Nós estamos trabalhando com mentes criminosas e doentias. É preciso também muita cautela em relacionar com bullying porque senão acabamos justificando ou atenuando o fato”, acrescentou.

Por fim, o psicólogo faz um pedido de reflexão para a sociedade que teme que essas tragédias continuem acontecendo.

“Será que não está na hora do Brasil fazer um momento de reflexão mais amplo em cima dessa desgraça? Será que não é hora de nós todos, pais, educadores, todas as pessoas imaginarem-se em cima dos corpos desses jovens [e ver] que o Brasil precisa baixar a bola no sentido dessa guerra que divide e fragmenta a nação em dois lados que impiedosa e cruelmente se acusam o dia inteiro? Em que medida isso também não faz mal? Eu, como psicólogo, digo, faz mal sim. Elevar a voz e enxergar no seu adversário um inimigo cria ondas que podem levar a tragédia”, afirmou Goldberg.

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