"Lutar contra a discriminação é uma bandeira muito válida", defende Emicida

  • Por Jovem Pan
  • 04/12/2014 11h08
Amanda Garcia/Jovem Pan <p>Emicida foi o convidado do Morning Show desta quinta-feira (4)</p>

Apesar de se destacar em batalhas de improvisação de hip hop há vários anos, o primeiro álbum de Emicida saiu apenas em 2013. Ele explica o nome O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui: “Quando você lança um trabalho novo, acaba se conectando com novas pessoas sem desconectar com as antigas. O nome é uma brincadeira com isso. O Emicida é uma pessoa que traz essa sensação: é o primeiro disco, mas ele já está aí há algum tempo”.

Ele conta que sempre teve uma relação próxima com o hip hop, já que o pai era DJ e tinha um baile na rua em frente à casa da família. “Eu cresci no meio de um monte de disco de vinil. Eu estraguei muito disco tentando ser DJ, até que desisti”, conta. Também teve contato com outros estilos de música como rock e MPB, quando a mãe e a irmã controlavam o aparelho de rádio e ele era obrigado a ouvir o que os mais velhos gostavam.

“Conheci o Racionais e depois o Public Enemies, e achava que o Public Enemies roubava o Racionais“, lembra Emicida, entre risos. “Achava que os americanos estavam tentando roubar nossa cultura, mas era ao contrário, eles que influenciavam a gente”, explica.

O gosto por rimas e letras de músicas começou cedo. “Sempre tive o hábito de fazer paródia de música famosa, mudava a letra. Quando conheci o hip hop e o lance do improviso, achei do caralho. Quis tentar fazer, mas a gente não conseguia”, descreve. Ele e os amigos conseguiam fazer uma ou duas rimas e depois não podiam continuar. A saída foi treinar com palavras em inglês. “A gente não falava inglês, ficava enrolando. Depois, passado um tempo, eu comecei a colocar palavras em português e consegui dar sentido a elas”, explica.

Ter uma boa relação com a língua portuguesa foi importante para ele, mas isso não aconteceu tão rápido. Ele conta que não gostava de ir para a escola e não se interessava por livros. A aproximação com a leitura se deu por meio dos quadrinhos.

Sobre a parceria com Rael, Emicida conta que sentia uma grande admiração pelo cantor quando o via no grupo Pentágono. “Em 2006 fui em uma batalha no bairro do Rael, e foi ali que ficamos mais próximos. Temos uma série de músicas”, diz ele. Levanta e Anda é uma delas.

Mesmo depois de ter alcançado o sucesso e ficar conhecido no Brasil e no exterior, Emicida não se esquece do sonho de melhorar o mundo. “O que tem que fazer é não deixar a maré te levar. Lutar contra a discriminação é uma bandeira muito válida para continuar balançando no século XXI”, afirma.

Neste dia 07 de dezembro Emicida realiza um sonho antigo, o de organizar um festival com música, gastronomia e arte. O Festival Ubuntu acontece em São Paulo, em comemoração aos cinco anos de existência do Laboratório Fantasma, que é a gravadora dele. “Acontece agora a primeira edição do festival que a gente sempre quis fazer”, diz, convidando a todos a comparecer.

Serviço
Festival Ubuntu
Emicida + Rael + Céu + outros
07/12/2014
Horário: a partir das 16h
Studio Verona
Av. Voluntários da Pátria, 498
São Paulo – SP

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.