Autor de ‘Macho do Século 21’ diz querer discutir machismo e masculinidade

  • Por Jovem Pan
  • 28/11/2018 12h01 - Atualizado em 28/11/2018 12h48
Johnny Drum - Jovem Pan Para ele, deve-se ensinar respeito aos filhos desde a infância, em especial para que os meninos respeitem as mulheres

Claudio Henrique dos Santos é jornalista e empreendedor, mas há alguns anos passou a aliar sua profissão com a atuação como dono de casa. Ele é autor do livro “Macho do Século XXI – o executivo que virou dono de casa e acabou gostando”, onde conta como busca desconstruir o machismo para ser pai e esposo em pé de igualdade com sua companheira.

“Eu fui cuidar da minha filha não porque era o pai, foi quase uma coisa funcional. Na época ela tinha três anos. É uma tristeza eu pensar que ia cuidar da minha filha porque não tinha nada para fazer. Eu tive que virar dono de casa para aprender essas coisas”, disse.

Santos cuida da filha, do seu blog “Macho do Século XXI”, da casa e faz palestras nas quais conta sua história. “Eu tenho muito proposito hoje, eu ganho a vida com isso, mas quero muito ajudar a construir um mundo de mais respeito para mulheres e para todos né. Isso não tem preço”, explica.

Ele reflete sobre o papel que antes era condicionado à mulheres. Ele conta que a esposa, quando viajava, ligava periodicamente para saber da filha, isso porque não conseguiu ainda se distanciar do papel de única cuidadora possível da filha do casal. “A jornada dupla de trabalho existe. Minha filha estava com febre e ela [esposa] ficava ligando, fazendo follow-up. […] [imagina] a mulher que não tem um marido para dar conta das coisas e ainda tem que trabalhar. Cara, o trabalho doméstico é muito chato, a mulher faz porque o homem do lado não o faz”, ponderou.

Para ele, a educação dos filhos, em especial dos meninos, deve ser direcionada para o respeito do outro e, neste caso, das mulheres, para que cresçam almejando a equidade. “Isso se ensina desde cedo”, garante.

Como tudo começou

O jornalista virou a chave da sua vida para este novo formato quando decidiu acompanhar a esposa em uma oportunidade de emprego em Cingapura, no continente asiático. Até chegar lá, ele ainda levava consigo os conceitos de paternidade e relacionamento embasado pelas construções sociais do que deveria, supostamente, ser homem.

“Eu só fui porque achava que poderia continuar trabalhando em Cingapura. Eu não tive coragem de dizer não para ela. Ela trabalhou tanto para ter uma carreira internacional […] quando eu cheguei lá eu descobri que não poderia ter um visto de trabalho”. Ele conta, ainda, que depender do salário da esposa mexeu com sua masculinidade por algum tempo. “Eu tirava dinheiro na esquina e minha mulher recebia um SMS sabendo que eu tinha sacado dinheiro […]Todo mundo tem que trabalhar, porque é péssimo depender de alguém. Quando você não tem independência financeira você abre mão dos seus sonhos, de quem você é”, reflete.

O livro de Santos e sua experiência vão ser compilados em um filme. A previsão para a estreia, ainda sem título ou maiores informações, é 2020.

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