1ª Mostra Cinema e Liberdade é ‘plural e política, mas não militante’, dizem criadores

  • Por Jovem Pan
  • 08/11/2018 12h12 - Atualizado em 08/11/2018 12h31
Jovem Pan A Mostra acontece do dia 9 a 11 de novembro, no Conjunto Nacional em São Paulo

O trio à frente da 1ª Mostra Cinema e Liberdade, que acontece de 9 a 11 de novembro no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, esteve no Morning Show desta quinta-feira (8) para falar sobre a iniciativa de criar uma mostra que estimule o debate sobre a liberdade e o cinema enquanto arte.

Eduardo Wolf, filósofo e editor do blog da Mostra, explicou que a seleção dos filmes que serão exibidos usou critérios importantes para evitar que os longas parecessem panfletários. “Queríamos fazer uma seleção de filmes que não fossem panfletários. Fizemos uma mostra plural. E aí Memorias do Cárcere foi o filme de pronto para exibirmos. Filme de um grande diretor, que trata de um período importante da história, o Estado Novo, com Getúlio Vargas, que foi, inclusive, um ditador que hoje é amado por partes da esquerda”, disse.

O trio do qual Wolf faz parte traz também o roteirista Jeffis Carvalho e o crítico de cinema Miguel Forlin. Este último aproveitou para esclarecer que a mostra não tem relação com os resultados das eleições deste ano, “A nossa mostra não é uma resposta política ao período eleitoral. Isso estava tudo pronto bem antes”, apontou. Forlin explicou ainda que o desejo da mostra é “celebrar a liberdade, mas também o cinema. Queríamos filmes bons. O cinema brasileiro tem uma vocação para abordar temas políticos”.

Apesar disso, o trio concorda que o mesmo havendo uma vocação para política, isso não quer dizer que os filmes sejam bons. Para o trio, as produções brasileiros são panfletários e militantes, deixam de falar de liberdade e se perdem em críticas do politicamente correto.

Um dos filmes exibidos na mostra, Laranja Mecânica, dirigido por Stanley Kubrick em 1971, é um exemplo da liberdade e da discussão política almejada pelo trio e pela equipe da mostra, “Hoje, o Laranja Mecânica seria agredido. É o filme que encerra a nossa mostra, ele seria vítima dessa patrulha do politicamente correto”, aponta Carvalho.

Para ele, “Kubrick consegue trazer uma radicalidade tão grande a discussão de violência e liberdade que chega a ser fascinante. Em Laranja Mecânica vemos que o homem deve ser livre a tal ponto que tenha a liberdade de fazer o mal”, concluiu o roteirista.

O filme que abre o evento nesta sexta-feira é Memórias do Cárcere, dirigido por Nelson Pereira Santos (que morreu em abril deste ano) em 1984, um dos principais nomes do Cinema Novo. O filme é a adaptação do livro homônimo de Graciliano Ramos, um dos principais nomes da literatura brasileira.

A 1ª Mostra Cinema e Liberdade acontecerá no Conjunto Nacional na Avenida Paulista, em São Paulo entre os dias 9 e 11 de novembro.

 

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