Na América Latina, Brasil é o que mais mata ativistas ligados ao meio ambiente e direitos humanos

  • Por Jovem Pan
  • 26/10/2016 10h39

 Índios suruís vivem na Terra Indígena Sete de Setembro Marcello Casal Jr/ABr Índios suruís vivem na Terra Indígena Sete de Setembro

A execução do secretário do Meio Ambiente de Altamira, no Pará, mereceu uma extensa reportagem no jornal britânico “The Guardian”, nesta semana.

O motivo? Tudo indica que o assassinato de Luiz Araújo, morto a tiros na porta de casa, sem que os bandidos levassem nenhum de seus pertences, é mais um episódio na guerra em que fazendeiros, agricultores sem-terra, índios, grilheiros e posseiros entram em colisão.

Todos se achando donos da razão e usando o fogo e a bala como argumento.

O conflito agora dá ao Brasil a primeira colocação em um ranking nada prestigiado: o dos países da América Latina que mais matam ativistas ligados ao meio ambiente e à defesa dos direitos humanos.

De janeiro de 2015 a maio de 2016 pelo menos 74 ativistas ligados ao meio ambiente e a defesa dos direitos humanos foram assassinados por aqui.

Os dados são de um relatório divulgado nesta terça-feira pela Oxfam, uma ONG que congrega diferentes organizações não governamentais.

O procurador federal no Pará, Ubiratan Cazetta contou que Luiz Araújo travou diferentes batalhas à frente da pasta do Meio Ambiente de Altamira. Mudou a forma como a coleta seletiva da cidade era feita, tratou com rigidez a exploração mineral e o desmatamento e levou adiante denúncias que incluíam até a construção de Belo Monte.

Cazetta também chamou a atenção para o fato de que a execução do secretário traz um novo capítulo à violência da região.

Uma das entidades que auxiliou no levantamento sobre a execução de ativistas no Brasil foi a Pastoral da Terra.

Embora não exista estudos anteriores para comparar os dados, Jeane Bellini, que integra a coordenação da Pastoral, disse que o número de mortos vem crescendo. E credita isso também a uma relação questionável entre o Estado e a iniciativa privada.

Na conta dos assassinatos no Brasil estão as mortes de líderes indígenas, ambientalistas e trabalhadores rurais sem terra. Somente no ano passado, dos 185 ativistas mortos em todo o mundo, 50 ocorreram no Brasil.

*Informações da repórter Helen Braun

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