“Não vou demitir ou exonerar porque alguém falou de outro”, diz Temer sobre ministros citados na Lava Jato

  • Por Jovem Pan
  • 17/04/2017 09h43
Brasília - O presidente interino Michel Temer faz discurso durante cerimônia de posse aos ministros de seu governo, no Palácio do Planalto (Valter Campanato/Agência Brasill) Valter Campanato/Agência Brasil - 12/05/2016 O presidente interino Michel Temer faz primeiro pronunciamento oficial durante cerimônia de posse dos ministros de seu governo

O presidente da República vem sendo cobrado para fazer uma modificação em promessa antiga: afastar ministros envolvidos na Operação Lava Jato, que foram denunciados ou viraram réus. Temer prometeu afastar temporariamente os ministros denunciados e definitivamente aqueles que virarem réus.

Diante da onda de delações premiadas que citam o primeiro escalão do Governo e, consequentemente, da lista de Fachin, nove ministros são citados, sendo que oito têm inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal solicitado pela Procuradoria-Geral da República. São eles: Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Blairo Maggi (PP), Bruno Araújo (PSDB-PE), Eliseu Padilha (PMDB-RS), Gilberto Kassab (PSD-SP), Helder Barbalho (PMDB), Marcos Pereira (PRB), Moreira Franco (PMDB-RJ). O ministro Roberto Freire (PPS-SP) foi citado, mas não teve inquérito aberto.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o presidente Michel Temer disse que tem o “vício” de cumprir ordem jurídica, mas admitiu que não vai “colocar para fora, demitir ou exonerar simplesmente porque alguém falou de outro. Quando houver provas robustas, aí eu começo a tomar providências”. O presidente da República ainda afirmou: “é muito provável que alguns ministros achem que não podem continuar, sintam-se desconfortáveis no cargo e saiam dele”.

“Quando alguém fala de outrem, o primeiro gesto é fazer um inquérito de natureza administrativa. O que falou A de B e, depois disso, o Ministério Público pede o inquérito judicial”. Segundo Temer, é depois do pedido de abertura de inquérito que pode vir uma denúncia pelo MP. “Se vier a denúncia não significa culpabilidade. Mas já decidi que se houver denúncia, há fundamento de muita verdade, então o afastamento temporário. Se virar réu, um afastamento definitivo”, explicou.

Questionado se os trâmites das investigações sobre nomes do primeiro escalão não seriam demorados e, com isso, uma punição aos ministros citados dar-se-ia apenas após seu mandato, o peemedebista disse que há o trabalho para que as investigações, denúncias e condenações se encerrem o quanto antes.

“Ainda hoje, a OAB entra com uma petição no Supremo Tribunal Federal para agilizar esse procedimento. Creio que, neste caso, as denúncias não vão para as calendas. Acho que o Supremo vai agilizar, o Ministério Público vai agilizar com estas provocações. Eu não creio que a denúncia vá só para o ano que vem. Acho que virá muito proximamente assim que apurados os fatos.

Citado em delações

O presidente Michel Temer admitiu novamente ser desagradável a citação de seu nome em delações de executivos da Odebrecht. “É desagradável porque se trata de uma mentira. Mesmo se tratando de verdade não deixaria de ser desagradável. O que tenho procurado é dizer que é desagradável e constrangedor. Os fatos, quando narrados, revelam a presença de pessoas que nem estavam no local”, disse.

Em defesa do Governo, o peemedebista afirmou ainda que a tendência é dizer que os trabalhos irão parar. Temer, entretanto, negou uma paralisação das atividades e ressaltou reuniões com membros do Governo e Legislativo, “para que não se altere a governabilidade”.

Para Temer, os conteúdos das delações são estarrecedores, desagradáveis, preocupantes e podem transmitir uma imagem muito negativa do Brasil no exterior.

“Sob esse ângulo é péssimo. Mas o que fazemos diante disso? Paralisamos ou seguimos em frente? Devemos seguir em frente. Diante dos inquéritos propostos no Judiciário, deixa o Judiciário trabalhar. As pessoas mencionadas deverão prestar sua defesa. Ainda está na fase de inquérito. As pessoas vão se defender, vão ser condenadas, não vão ser condenadas”, disse o presidente, que pediu ainda uma “obediência” no trabalho de cada um dos Três Poderes.

Confira a entrevista completa:

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.