Após convocação da Câmara, Weintraub diz que mostrará hipocrisia no debate sobre cortes

  • Por Jovem Pan
  • 14/05/2019 19h30 - Atualizado em 14/05/2019 20h56
Marcos Corrêa/PR Abraham Weintraub, ministro da Educação, deu entrevista ao programa "Os Pingos nos Is" nesta terça-feira (14)

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, nesta terça-feira (14), que sua convocação para uma sabatina na Câmara dos Deputados sobre o contingenciamento no orçamento das universidades públicas será uma oportunidade de mostrar a “hipocrisia e a falsidade” do debate.

“Quero agradecer ao Congresso pelo convite, é muito importante para acabar de vez a narrativa falsa criada”, disse Weintraub. A previsão é de que o ministro fale à Câmara já nesta quarta-feira (15). “É uma oportunidade para resolver a questão e mostrar a hipocrisia e a falsidade desse debate.”

Weintraub antecipou que irá detalhar os gastos do ministério com as universidades para justificar o contingenciamento. “Vamos mostrar quanto gasta de folha, quanto ganha cada professor, questionar se não dá para usar a polícia militar [em vez de segurança própria nos campi]. Por que a PM não pode fazer a segurança? Qual é o problema?”, questionou.

Contingenciamento

O titular do MEC ressaltou que os cortes na pasta são menores do que em outros ministérios. Para contornar esse problema, ele sugeriu que as universidades busquem parcerias com a iniciativa privada. “Sou contra cobrar de [alunos de] graduação, sou a favor de buscar sinergia com a iniciativa privada. Não é ficar fechado em uma torre de marfim e ficar gritando para ganhar mais 3% do PIB, não vai dar certo”, disse, lembrando que a educação já é o destino de 7% do Produto Interno Bruto.

O ministro afirmou que tem se encontrado com reitores de universidades federais nos últimos deles e que nenhum deles apresentou números que constatavam que as instituições deixariam de funcionar com o contingenciamento de recursos. “Qualquer universidade que esteja em dificuldade, venha aqui, mostre os números e as contas, e se comprovar que realmente não tem como pagar, a gente vai até o Paulo Guedes“, prometeu.

Segundo Weintraub, o contingenciamento do orçamento das instituições federais de ensino superior foi de 3,4%, porque o bloqueio de 30% irá atingir apenas as despesas não obrigatórias das instituições, que representam menos de 12% do orçamento do MEC.

O economista destacou que as universidades têm despesas menores do que o limite imposto pelo contingenciamento. “As universidade estão gastando abaixo do limite já contingenciado. Elas podem aumentar os gastos se quiserem”, afirmou. A expectativa dele é que a verba volte a poder ser utilizada pelas instituições após a aprovação da reforma da Previdência pela Câmara. “Passando no plenário da Câmara, isso vai desencadear um movimento de recuperação da economia, por isso acho que tem espaço para esse ano reverter o contingenciamento.”

Polêmicas

Abraham Weintraub também falou sobre outras recentes polêmicas envolvendo seu ministério. Uma delas foi sua participação na mais recente live do presidente Jair Bolsonaro, na última quinta-feira (8), em que usou barras de chocolate para explicar o contingenciamento.”A forma de fazer com chocolatinhos foi uma forma de chamar a atenção, mostrar de uma forma didática para um público que talvez não tenha o conhecimento necessário”, explicou sobre a estratégia.

Outra fala bastante criticada do ministro foi sobre cursos de Filosofia e Sociologia. Ele usou o Japão como exemplo ao dizer que o país não financiava os estudos de quem quisesse se aprofundar nessas áreas. “Disseram que eu estava falando do Brasil”, afirmou.

O economista, no entanto, ressaltou que enxerga a Filosofia como uma busca de pessoas que já têm “uma certa condição intelectual e econômica” de “ir além” do que já sabem”. “Se eu fosse um agricultor que tivesse uma pequena propriedade de terra, eu iria preferir que meu filho fosse fazer uma faculdade de Contabilidade a estudar Filosofia”, disse. “Quando você tem 17 anos, pobre, vai fazer Filosofia? Eu, Abraham Weintraub, ia falar ‘filhão, vai fazer Contabilidade, ajuda aqui, pelo amor de Deus’”, continuou o ministro.

Weintraub ainda comentou a recente onda de alunos filmando professores em sala de aula. Apesar de não ter problemas com isso, ele desencorajou que os estudantes gravem as aulas. “Legalmente, eles podem [filmar professores], mas eu não recomendo, não acho bom”, disse.

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