Amoêdo investe na imagem de gestor, mas rejeita comparação com Doria: ‘não vou me vestir de gari’

  • Por Jovem Pan
  • 04/09/2018 14h34
Johnny Drum/Jovem Pan

O programa Pânico deu início nesta terça-feira (4) a uma série de sabatinas com os presidenciáveis nas eleições de 2018. A ordem das entrevistas foi decidida em sorteio e o primeiro a participar foi João Amoêdo do Partido Novo. Durante a entrevista, ele seguiu investindo na imagem de “político-gestor”, aquele que “deu certo” na iniciativa privada e pretende levar essa experiência ao setor público, mas rejeitou qualquer comparação com o ex-prefeito de São Paulo e atual candidato ao governo do estado João Doria (PSDB).

“Eu tinha que ser candidato porque, como eleitor, não via uma opção boa. Apareceu a oportunidade. Mas não era minha pretensão. Entrar na política para melhorar a vida dos outros não é fácil. Você fica exposto, é questionado. Muita gente pensa em tentar e não entra. Os ‘outsiders’. Quando avalia, vê que é complicado. Nossa missão é seguir em frente. Temos que dar exemplo. Só que não vou ser um personagem. Quero ser quem eu sou. Você pode não concordar, não tem problema, mas não vou ser personagem. Não vou me vestir de gari para sair limpando rua no dia seguinte”, declarou, fazendo referência ao tucano.

“O Doria no primeiro dia de governo foi varrer calçada. Acho que ele errou ao se vender só como gestor. Mas não é assim. Se quer entrar na política, vai ser político. Não tem como separar as coisas. Quero ser um político que sabe fazer gestão”, completou.

Liberal na economia, conservador nos costumes

Questionado sobre economia e reformas por Joel Pinheiro da Fonseca e Felipe Moura Brasil, jornalistas da Jovem Pan que participaram da bancada, Amoêdo defendeu princípios básicos do liberalismo. Segundo ele, o principal é permitir que o cidadão tenha maior autonomia para investir e que o Estado, por outro lado, tenha um papel limitado. Aproveitou aqui para defender a privatização de empresas consideradas estratégicas por governos anteriores, como a Petrobras, a Caixa e o Banco do Brasil, para aumentar a concorrência.

Esse discurso, no entanto, não é novidade. Já apareceu, por exemplo, nas campanhas nos também presidenciáveis Geraldo Alckmin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL). O que, então, o diferencia de candidaturas mais “tradicionais” como as deles?

“Basicamente, eu vim para a política porque cansei de pagar a conta dessa turma que fala sempre as mesmas coisas. Sou um político que pensa diferrnete. Não é o Estado que vai fazer diferença, são as pessoas que vão. Acontecem que eles criticam isso tudo, mas estavam lá ontem e não fizeram nada! Está na hora de dar oportunidade a quem esteve no outro lado da mesa (…). Quando as pessoas analisam, precisam olhar a prática, não o discurso. Meu discurso pode ter pontos semelhantes com o do Bolsonaro, mas ele votou contra o Plano Real, votou no Lula, votou contra o fim de monopólios, não cortou verba do próprio gabinete”, disse.

Vale-Educação inspirado no Bolsa-família

Em meio às ideias liberais, o candidato possui como proposta para o setor da educação um projeto inspirado no Bolsa-Família, programa de transferência de renda criado em gestão petista. De acordo com ele, a ideia é distribuir uma espécie de vale para que parte da população de baixa renda consiga matricular seus filhos em instituições privadas de ensino.

“As escolas privadas claramente têm maior qualidade. Não é justo que os pobres não tenham chance de ter esse ensino. Minha ideia é melhorar a gestão pública e valorizar o professor enqunto fazemos isso. O sistema seria parecido com o Bolsa-Família mesmo. Se funcionou, porque não funcionaria na educação? E, para evitar as fraudes comuns no FIES, por exemplo, apostaremos na tecnologia”, explicou.

Ciro Gomes e o SPC

Por fim, o presidenciável criticou a tão comentada proposta do concorrente Ciro Gomes (PDT) de “tirar o nome” das pessoas endividadas do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).

“Na verdade, a proposta dele não é tirar, mas postergar as dívidas. Ele vai tirar a dívida dos bancos privados e colocar nos bancos públicos. A pessoa continua devendo, mas com outro prazo e para outro lugar. O credor passará a ser o Banco do Brasil e a Caixa. E, se os endividados não pagarem, quem vai pagar a conta? Isso. De novo a gente (…) No Brasil as pessoas têm mania de se comprometer e nunca detalhar de onde vão tirar o dinheiro”.

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