Tabet brinca com críticas ao Porta dos Fundos: “Deus está preocupado com o YouTube?”

  • Por Jovem Pan
  • 04/04/2014 14h56
Jovem Pan

Pode ser pela qualidade dos roteiros dos vídeos, pela identidade visual bem elaborada, pelo talento dos comediantes que atuam ou até pela liberdade que a internet os dá para tratar os mais diversos temas. O fato é: em menos de um ano de existência, o Porta dos Fundos se tornou o maior canal de humor do mundo em número de inscritos. Com essa visibilidade toda, veio uma enxurrada de críticas, especialmente de pessoas ligadas a entidades religiosas que disseram ter se ofendido com algumas esquetes. Em entrevista ao Pânico nesta sexta-feira (4), Antonio Tabet, um dos criadores do projeto, comentou o assunto, destacando a contradição existente no discurso de quem costuma julgar seu trabalho. 

Tabet brinca com críticas ao Porta dos Fundos“Não entendo o problema em falar de igreja. Acho engraçado. As pessoas se ofendem, alegam que não se pode brincar com personagens históricos. Como não? Posso falar sobre Napoleão, mas sobre Jesus não? É muita hipocrisia. Todo fanatismo é ruim. É como um burro seguindo uma cenoura. Na nossa equipe tem ateu, tem católico, tem evangélico. Eu sou espírita. Amanhã posso fazer um roteiro sobre espiritismo, nem por isso vou para o limbo. Se as entidades superiores existem, estão tão preocupadas assim com um canal do YouTube?”, afirmou.   

Para exemplificar, ele citou um discurso que Gregório Duvivier, um dos integrantes da equipe, fez quando foi criticado por Renato Aragão em um episódio do programa Na Moral, da TV Globo, apresentado por Pedro Bial. 

“Na ocasião, o Renato falou que ‘com Deus não se brinca’. O Gregório respondeu (e a emissora cortou essa parte) lembrando que o próprio Renato já havia feito brincadeiras com a umbanda. Então brincar com a crença dos outros, tudo bem, mas com a sua, não?”, questionou. 

Antonio assumiu, no entanto, que às vezes eles acabam “exagerando” nas brincadeiras de alguns roteiros, que imediatamente são barrados por eles mesmos. Nesses casos, os textos são totalmente reescritos e voltam para discussão em uma nova reunião. 

“Nós mexemos com todos os assuntos, não temos problema com nenhum. Mas às vezes alguém faz um roteiro que na hora percebemos que não dá. É o que aconteceu com o do ‘Deus’, do Rafa [Rafael Infanti], por exemplo. O vídeo que foi ao ar foi a quarta versão. Jogamos as primeiras fora, não tinha como colocar no ar”, contou. “O nosso limite é o bom senso. Temos cinco pessoas para decidir se o roteiro vai para frente ou não. É difícil escapar disso. Acho que eu sou o mais quadradão. Sou macaco velho. Nunca fui processado e estou no Kibe Loko [blog de humor de que também é criador] desde 2002. O João [Vicente] também é pé no chão. Mas se depender do Gregório e do [Fábio] Porchat, já era (risos)”, completou. 

Em seguida, ele contou mais detalhes da trajetória do canal, ressaltando que a ideia surgiu despretensiosamente e que não esperava tanta repercussão. 

“Fazer vídeos veicularem está cada vez mais fácil. Até celular grava em HD! Por isso, o Kibe Loko, que sempre foi um canal de conteúdo, não podia ficar preso apenas a fotos. Reuni um pessoal e falei: ‘vamos fazer um negócio’. Fizemos o CSI Nova Iguaçu, que foi um ‘laboratório’ em que pegamos a experiência da produção. Aí marquei um almoço com o Ian [SBF] e combinamos de fazer um novo produto. Foi quando fizemos o Porta dos Fundos, que acabou rendendo para caramba. No primeiro vídeo, esperamos uma audiência e veio outra muito mais alta. E continuou com os seguintes, o do Spoleto, o ‘Sobre a Mesa’, o do travesti. Os que o Feliciano odeia também foram ótimos para nós. Continua dando audiência aí, Feliciano!”, brincou.

Durante a entrevista, Antonio ainda falou sobre o seriado e o filme do Porta dos Fundos, negou que eles tenham planos de ir para a televisão e revelou que já disseram “não” a diversas celebridades que pediram para participar de seus vídeos, incluindo Adriane Galisteu. Confira a íntegra no áudio.

 

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