Lobão diz que se recusa a ouvir Anitta e Safadão e dispara: “meu cérebro não é penico”

  • Por Jovem Pan
  • 06/07/2017 14h26
Johnny Drum/ Jovem Pan

Se tem uma coisa que Lobão não esconde é sua sinceridade. O músico esteve no Pânico na Rádio desta quinta-feira (6) e mandou a real sobre as músicas brasileiras que têm feito sucesso recentemente. Ele deixou bem claro que cantores com visibilidade internacional, como Anitta e Wesley Safadão, sequer cruzam os seus ouvidos.

“Eu me recuso a ouvir Anitta e Safadão. Me recuso a saber dessas coisas e não quero saber, não tenho curiosidade. Meu cérebro não é penico, isso é poluente”, disparou. “A música brasileira evidencia os piores defeitos como se fossem qualidades, por isso desprezo profundamente”, explicou.

Lobão ainda fez um paralelo entre o desenvolvimento do Brasil e a musicalidade do País. “O rock é um termômetro para saber se o país está com um pé na civilização ou não. Se o país é desenvolvido, tem uma cultura de rock e o Brasil não tem cultura de rock, por isso é subdesenvolvido”, falou.

“A música brasileira fala do malandro, do rebolado, da Carmen Miranda. É só isso que temos em mente e por isso que o país não sai do lugar”, defendeu.

Se autointutilando “sócio fundador dos anos 80”, Lobão foi convidado para escrever um livro sobre o rock da época e, daí, surgiu o “Guia Politicamente Incorreto dos Anos 80 pelo Rock”. Nele, o músico “disseca as letras das bandas” e escolhe as melhores que, para isso, têm que ser boas sem as melodias. “Precisam ser poemas”, explicou.

No guia, ele também faz um panorama da história do rock, que vai desde 1976 a 1991, e ainda relembra histórias marcantes, como a briga que teve com Herbert Vianna, que causou tumulto no mundo da música. Lobão admitiu que usou o espaço do livro para pedir perdão ao vocalista do Paralamas.

“A minha reação de suspeitar que ele estava me copiando causou rusgas e todo o meio musical tomou partido. A maioria ficou do lado dele e eu fiquei como o drogado e paranoico. Mas no final digo que, apesar das rusgas, admiro a capacidade de sobrevivência dele e reconheço os discos dos Paralamas, que fiquei emocionado quando ouvi [para o livro]. Por isso peço misericórdia a ele caso eu esteja errado”, falou.

Brevemente, Lobão ainda traçou uma linha do tempo do rock e destacou as principais diferenças do gênero entre os anos 70 e 90.

Para ele, os anos 70 trouxeram “grandes músicos de estúdio”, mas que usavam os mesmos arranjos. “Quando ligava o rádio era o mesmo som”, concluiu. Nos anos 80, bandas como Paralamas do Sucesso e Legião Urbana “sofreram interferência” de bandas gringas e isso foi necessário para a época. “Era proibitivo fazer uma coisa meio brasileira porque a plateia ficava puta que queria rock”, disse. Enquanto isso, nos anos 90, grupos como Planet Hemp, Raimundos e Charlie Brown trouxeram a brasilidade e apesar de serem “muito inferiores intelectualmente, eram melhores musicalmente”.

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