‘Não coloquem na conta do paciente psiquiátrico’, diz especialista sobre massacres

  • Por Jovem Pan
  • 15/03/2019 14h31
Jovem Pan Pedro Deyrot e Pedro Mendonça Ferreira foram os convidados do Pânico nesta sexta-feira (15)

O psiquiatra Pedro Mendonça Ferreira afirmou que os autores dos massacres em Suzano e na Nova Zelândia não necessariamente tinham problemas psiquiátricos. “Não coloquem na conta do paciente psiquiátrico esse ato trágico”, pediu em entrevista ao Pânico nesta sexta-feira (15). “Esses atos não são cometidos por pessoas acometidas de graves patologias psiquiátricas”, disse.

Ferreira explicou que é impossível prever que as pessoas vão cometer crimes como esses. “A gente não consegue ter um acerto de 100%. A gente tem políticas de prevenção e atenção de saúde mental, mas não consegue chegar e falar que fulano vai cometer um ato amanhã”, esclareceu o especialista.

Segundo o psiquiatra, a maioria dos homicídios são atos isolados que acontecem porque as pessoas estão sob circunstâncias extraordinárias. Ele ainda explicou que a psicopatia não é motivo para uma pessoa não ser condenada por crimes. “Uma pessoa que tem um surto psicótico e comete alguma coisa, não pode ser condenado. Mas psicopatia não é motivo para ser inimputável”, disse.

Chans

Também no Pânico, Pedro Deyrot, músico e fundador do Movimento Brasil Livre (MBL), comentou a relação entre os assassinos de Suzano e os chans, fóruns anônimos na internet. Eles seriam frequentadores de um desses grupos. “É uma subcultura de internet em fóruns anônimos que luta contra o politicamente correto, tem uma linguagem muito agressiva”, explicou.

Para ele, o fato dos assassinos serem membros de um chan mostra que eles não tinham motivações políticas para o massacre. “Esses assassinos fazem o que fazem porque se acham trolls de internet, querem ser reconhecidos como heróis”, disse.

Por outro lado, o autor do massacre na Nova Zelândia, que matou 49 pessoas em duas mesquitas nesta sexta-feira, tinha motivações políticas. Deyrot, que leu o manifesto do assassino, comparou-o ao vilão Thanos, da Marvel. “Ele tem o mesmo pensamento do Thanos, mas o Thanos faz uma decisão aleatória, mas ele é uma decisão étnica”, disse. Na ficção, o vilão extermina metade da população mundial para poupar os recursos naturais. Já o atirador da Nova Zelândia afirmou que matou muçulmanos porque eles têm mais filhos do que os brancos.

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