‘O povo brasileiro é o melhor que já vi na vida’, diz a apátrida Maha Mamo

  • Por Jovem Pan
  • 14/02/2019 14h25
Jovem Pan Maha Mamo foi a convidada do Pânico nesta quinta-feira (14)

Por questões legais e religiosas, Maha Mamo nunca teve uma nacionalidade. Apesar de ter nascido no Líbano, ela só conseguiu um documento pela primeira vez quando foi aceita como refugiada pelo governo brasileiro e virou uma cidadã brasileira, com direito a RG e tudo. “O povo brasileiro é o melhor povo que já vi na minha vida”, confessou Maha em entrevista ao Pânico nesta quinta-feira (14). ‘É um povo acolhedor, de coração muito bom, que ajuda mesmo”, explicou.

Foi no Brasil que Maha conseguiu realizar seu sonho e ter uma vida digna, mas ela tentou ser abrigada por outros países antes. “A maioria dos países da Europa falava que eu tinha que estar lá dentro para talvez me ajudar”, disse sobre suas visitas a embaixadas de países europeus. Ela também tentou ajuda do Canadá. “Cheguei a fazer entrevista na embaixada, mas o que barrou foi eu não ter passaporte.”

Agora, além de ser legalmente brasileira, Maha também está emocionalmente ligada ao país. “Meu coração está aqui no Brasil, me considero brasileira e cidadã do mundo”, afirmou. “Eu olho para o Líbano como qualquer outro país. Sinto saudade dos meus amigos, dos lugares que eu ia, da vida lá, mas só isso”, disse a ativista.

Entretanto, quando ela chegou ao Brasil, as coisas não foram tão fáceis. “Eu falava quatro línguas, tinha mestrado, mas o único emprego que consegui era entregar panfletos”, lembrou. Outra situação difícil foi a morte de seu irmão durante uma tentativa de assalto em Belo Horizonte. “Ele teve a sorte de viver um tempo como refugiado e ter direito a uma certidão de óbito.”

Depois de ter conquistado seu objetivo, Maha Mamo virou ativista de direitos humanos e trabalha para ajudar apátridas em todo o mundo. “A meta é que a América vire o primeiro continente sem apátridas”, disse sobre seu objetivo. Apesar de ter uma meta tão ambiciosa, ela descartou a possibilidade de entrar para a política. “Não quero ser política por um tempo específico, estou olhando muito mais para frente.”

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