Pondé: ‘Poliamor é um discurso bonitinho para comer muita gente’

  • Por Jovem Pan
  • 18/03/2019 14h24
Jovem Pan O filósofo Luiz Felipe Pondé foi o convidado do Pânico nesta segunda-feira (18)

O filósofo Luiz Felipe Pondé afirmou que não acredita em poliamor e relacionamentos abertos. Para ele, esse tipo de relacionamento não funciona para todos os envolvidos. “Sou contra o poliamor porque é um discurso bonitinho para comer muita gente”, disse em entrevista ao Pânico nesta segunda-feira (18).

Pondé explicou que sempre enxergou o poliamor como uma situação em que uma das pessoas é mais solta e a outra mais travada. “É uma desculpa para o que sempre aconteceu, o ser humano está sempre insatisfeito”, afirmou. Apesar de não defender a infidelidade, ele explicou que a traição é algo que acontece naturalmente. “Se você cair na traição, traia e depois arque com as consequências”, disse o escritor, que também vê uma relação entre a infidelidade e a presença da mulher no mercado de trabalho. “O aumento da presença da mulher no meio do trabalho aumenta a infidelidade. O trabalho é facilmente erotizável.”

Feminismo

Uma das críticas do filósofo à sociedade atual é ao fato das pessoas quererem se mostrar boas e isentas de defeitos o tempo inteiro. “Hoje ninguém quer ter nada sombrio, todo mundo quer ser legal”, disse. Esse é um dos motivos que levam ao que ele chama de miséria masculina. “Os homens estão mais perdidos do que cego em tiroteio. Tudo vão achar que ele é machista e autoritário”, explicou Pondé sobre a conduta dos homens em relação às mulheres com a ascensão do feminismo, ressaltando que os rapazes têm medo de até conversar com as moças.

O escritor avalia que o feminismo e o empoderamento são bons, mas podem prejudicar as mulheres em alguns aspectos. “Quando você empodera alguém, a pessoa fica mais só, tem mais angústia”, explicou. “Mas não estou dizendo que tem que voltar para trás”, ressaltou.

Na mesma linha, Pondé comentou sobre bullying e afirmou que os “atritos” na sala de aula são saudáveis. “O bullying não faz bem, mas os atritos existentes na sala de aula sempre fizeram parte da construção e do amadurecimento”, disse. Ele acredita que defender o bullying é defender “violência, sacanagem e humilhação”, mas que o oposto a isso é criar “jovens de plástico”.

Novo livro

Com temas não tão profundos e polêmicos como bullying, feminismo e poliamor, Luiz Felipe Pondé lançou o livro “Filosofia do Cotidiano – Um Pequeno Tratado Sobre Questões Menores”. “Eu vou discutir coisas que você se pergunta. Pra que levantar da cama? Ter filho ou não? Trabalhar só para dinheiro?”, explicou.

Assinando uma coluna na Folha de S.Paulo há mais de um década, o filósofo contou que aprendeu a escrever melhor do que na faculdade. “Escrever é uma relação no mínimo a dois. Na universidade, você escreve para você mesmo. Lidando com a imprensa, você aprende que deve lembrar que tem alguém do outro lado que deve entender o que você está falando”, disse Pondé.

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