Raul Cutait: O vilão da história não é o médico; é o sistema

Um dos grandes nomes da medicina brasileira afirma que o que importa não é a quantidade de pacientes atendidos, mas a qualidade do atendimento

  • 23/01/2019 17h34 - Atualizado em 23/01/2019 17h36
Academia Paulista de Letras Raul Cutait Raul Cutait

Em entrevista ao programa Perguntar Não Ofende, Raul Cutait, um dos expoentes da medicina brasileira, afirmou na rádio Jovem Pan que o verdadeiro vilão do sistema de saúde no país não é o médico, mas o sistema no qual está inserido. Segundo Cutait, o que importa não é a quantidade de pacientes atendidos, mas a qualidade do atendimento.

“Acesso é uma coisa, qualidade é outra, e ela é o grande indicador”, explicou, ao evocar as filas extensas e as dificuldades enfrentadas pela população para marcar exames e cirurgias. Segundo um levantamento feito pelo Ibope em setembro de 2018, 89% dos brasileiros estão descontentes com o sistema de saúde.

Cutait sustenta que a municipalização do sistema deve ser substituída por redes regionais. Com isso, procedimentos simples, como consultas oftalmológica, seriam realizados em pequenos municípios e, conforme a complexidade do problema, o paciente seria transferido para centros localizados em cidades maiores. “O sistema seria centrado no paciente, o que daria mais agilidade no atendimento”, conclui.

Uma rede regional, exemplifica, amenizaria o problema da má distribuição de médicos no país, a maioria dos quais está alojada nas regiões sul e sudeste, onde há mais oportunidades de trabalho. Cutait também critica a criação de mais cursos de medicina, grande parte de qualidade duvidosa. “A quantidade de profissionais no Brasil já é suficiente”, observa. “Nós temos em torno de 440 mil médicos”.

Sobre o programa Mais Médicos, Cutait reconhece que foi ampliada a presença de profissionais em regiões desassistidas, mas criticou o critério de escolha dos profissionais. “Os cubanos não passaram pelos exames de qualificação”, disse. “Eles vieram como bolsistas, mas trabalhavam como médicos. Não se sabe o diploma que têm ou mesmo se têm diploma”.

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