Produção de soja sofre queda em MT devido ao El Niño

  • Por Mariana Grilli/Jovem Pan
  • 09/01/2016 12h07
DIDA SAMPAIO/ Estadão Conteúdo DIDA SAMPAIO/ Estadão Conteúdo Plantação de Soja - Agência Estado

As primeiras áreas da safra 2015/2016 de soja começaram a ser colhidas em Mato Grosso, mas os resultados iniciais não foram animadores. Alguns produtores contabilizaram baixa na média esperada de até 70%, mesmo tendo se programado.

“Os produtores estavam preparados para plantar sua soja em setembro, mas aqueles que o fizeram, tiveram grandes perdas. A grande maioria da área de soja do Mato Grosso e região centro-oeste se prejudicou por conta do atraso de chuvas que o El Niño trouxe”, explica o diretor técnico da Associação Brasileira de Produtores de Soja e Milho-MT (APROSOJA-MT), Neri Ribas.

O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) reduziu as expectativas para a safra 2015/2016 em 30%. Ainda assim, Ribas espera que a colheita da região centro-oeste ganhe ritmo em meados de fevereiro. Para o diretor técnico, 2015 foi um ano atípico e diferente dos últimas três décadas: “Na região de Sorriso, há 30 anos o plantio não via uma condição dessa, de seca extrema, baixa perspectiva de chuva e números negativos”.

A meteorologista Taís Barone, da Somar Meteorologia, explica que o fenômeno climático El Niño é o grande culpado pela instabilidade na plantação. E apesar de nos últimos 15 dias as chuvas terem retornado ao Mato Grosso, o volume não é suficiente para diminuir os danos.

“O El Niño é característico por isso mesmo, ele deixa as chuvas bastante irregulares sobre o Centro-oeste, também parte do Sudeste e região Nordeste do país. Os produtores de soja do Matopiba também sentiram bastante essa irregularidade das chuvas e a produção também foi afetada por lá”, afirma Taís.

Segundo a meteorologista, para esse primeiro semestre de 2016, o El Niño ainda vai estar com certa influência, mas em menor escala. A tendência é que haja enfraquecimento das chuvas e, por consequência, que elas fiquem mais regulares. 

Além disso, Taís Barone acredita que o segundo semestre traga o fenômeno climático La Niña, que pode aumentar as chuvas no centro-oeste. “Se a La Niña se concretizar mesmo, os produtores da região podem esperar um pouco mais de chuva, não em volume, mas em frequência”, prevê a meteorologista da Somar Meteorologia.

O diretor técnico da APROSOJA, Neri Ribas, afirma que a partir de agora é preciso redobrar a atenção na primeira safra, visando a segunda. “Além desse prejuízo na safra 2015/2016, nós devemos ter atraso na segunda safra e, consequentemente, na produção, na produtividade, na rentabilidade do produtor e na oferta de produtos ao mercado.”

A desproporção nesta safra do Mato Grosso é tão grande que há lavouras que nem chegaram a ser plantadas no leste do Estado. A situação é ainda mais grave nas regiões médio-norte, onde a seca foi em grande escala e o número de colheitas chegou a ser mínima, de acordo com a APROSOJA.

 

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